Minha amiga Mildred fazia progresso, recuperando-se
lentamente de um derrame cerebral. Ela ainda lutava para sentar-se direito e para falar.
A cada vez em que eu a visitei no asilo, as linhas de
frustração em seu rosto estavam um pouco
mais profundas. A frase que ela mais
pronunciava era,
- Por que?
E nada que eu dissesse trazia-lhe conforto.
Lutei também. Em
minhas orações eu pedi,
- Senhor, como posso ajudar?
Certa noite me despedi de Mildred e fui jantar com minha
mãe. Fui ao banheiro lavar as mãos e
notei algo peculiar: uma longa faixa de papel higiênico cobria boa parte da
bacia da pia.
- Mãe, o que este papel está fazendo aqui? Perguntei.
- Havia uma aranha na pia. Ela deslizava toda vez que
tentava sair e eu quis ajudá-la, então eu fiz uma escada.
Minha mãe respondeu.
- Acho que funcionou. Ela não está mais aqui. Respondi.
Retirei a "escada," pensando em minha amiga
Mildred. Ela estava presa também, e eu
já tinha trabalhado muito tentando levanta-la. Talvez o que ela precisasse
fosse mais como o que minha mãe tinha oferecido à aranha.
Em minha visita seguinte, Mildred outra vez perguntou,
- Por que?
Eu não tentei achar uma razão. Eu peguei em sua mão e, no
silêncio, eu vi como a amizade pode ser uma escada. Palavras ou explicações
deixaram de ser necessárias, apenas a simples confiança da amizade e minha
amiga Mildred percebeu que não encararia
sua luta sozinha.
Não deixe quem você ama, encarar uma luta como essa
sozinha...que a amizade pura seja a escada que lhe trará uma alegria para toda
vida...
Bom dia!
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