Profissionais da engenharia do IFCE e do Senai-CE montaram
Central de Manutenção em Fortaleza, por solicitação da Secretaria da Saúde do
Ceará (Sesa).
Por João Lima Neto, G1 CE
Em meio a necessidade de ventiladores pulmonares para
pacientes diagnosticados com Covid-19, profissionais do Instituto Federal do
Ceará (IFCE) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Ceará)
consertam aparelhos “encostados" nas unidades hospitalares do Ceará, em
uma Central de Manutenção.
A central de manutenção de ventiladores mecânicos, instalada
na última quinta-feira (2) em um prédio do Senai-CE, no bairro Jacarecanga, já
recebeu 35 aparelhos em fase de reparo. Destes, 13 estão sendo validados para
retorno por um engenheiro hospitalar e profissionais da fisioterapia que
realizam simulações. Os respiradores enviados pelas unidades hospitalares são
oriundos de Caucaia, Baturité, Iguatu, Itapipoca e Quixadá, e estão sendo
avaliados por uma equipe de especialistas, montada exclusivamente para
viabilizar os consertos.
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) procura, por meio de
ligações aos hospitais do Estado, os equipamentos que estão com problemas. No
rastreamento, a Pasta analisa o que pode ou não retornar a uso.
Consertos
O dia a dia dos profissionais envolve desmontagem e montagem
dos equipamentos, identificação dos defeitos, troca de peças e testes de
qualidade. — Foto: Divulgação/ SenaiO
dia a dia dos profissionais envolve desmontagem e montagem dos equipamentos,
identificação dos defeitos, troca de peças e testes de qualidade. — Foto: Divulgação/ Senai
O dia a dia dos profissionais envolve desmontagem e montagem
dos equipamentos, identificação dos defeitos, troca de peças e testes de
qualidade. — Foto: Divulgação/ Senai
Em uma sala montada no Senai Jacarecanga, os professores do
IFCE Heldenir Pinheiro (campus de Fortaleza) e Luiz Daniel Bezerra (campus de
Maracanaú) atuam juntos no reparo dos aparelhos. O primeiro realiza a correção
de defeitos na área de pneumática e mecânica, e o segundo na área da
eletrônica.
Desde o dia 2 de abril, o dia a dia deles envolve a
desmontagem e a montagem dos equipamentos, identificação dos defeitos, troca de
peças e testes de qualidade.
“Esse processo passa por algumas etapas, pois são vidas
humanas que dependem deles. Não é tão simples. Restauramos 13 equipamentos.
Alguns, apesar do restauro da parte eletrônica e pneumática, precisam ser
‘recertificados’. Precisam passar por engenheiro da área e por fisioterapeutas
que vão simular os processos de uso nos pacientes. Existem protocolos para
reabilitar o uso dentro dos hospitais”, detalha o professor Heldenir Pinheiro.
Reparos
Três salas de aulas do Senai-CE foram transformadas para
receber a equipe de manutenção. Em parceria com a Sesa, a central conta com a
dedicação de 12 colaboradores do Senai Ceará, profissionais do IFCE e
voluntários das áreas de eletroeletrônica, mecatrônica e tecnologia da
informação. A ação é financiada pela Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), graças a uma articulação da
diretoria da FIEC.
A central conta com salas de aula isoladas e higienizadas, e
cada uma delas contempla uma área de trabalho. A primeira é voltada à triagem e
ao diagnóstico primário dos aparelhos; a segunda abriga a manutenção
propriamente dita; e a terceira, chamada de sala de testes, destina-se à
verificação e certificação dos respiradores. Nos ambientes, os profissionais
trabalham com luvas, máscaras e aventais para evitar qualquer tipo de contaminação.
A redistribuição fica por conta da Sesa, de acordo com as necessidades da rede.
Segundo os profissionais que estão atuando no reparo dos
respiradores, os equipamentos enviados pela Sesa possuem diferentes marcas e
modelos. Parte é nacional e alguns são importados. A média de uso de cada um
deles é de 10 a 15 anos. Alguns são novos, mas devido ao uso diário, ficou
desgastado. Entre os reparos estão limpeza de peça, instalação de novos
circuitos e mudança de displays.
Casos
Em 24 horas, aumentou de 38 para 73 o número de internações
em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) relativas a casos confirmados de
Covid-19 em Fortaleza. Os números, que se referem ao período entre 13 e 14 de
abril, representam aumento de 92,1% no total de hospitalizações, de acordo com
informações da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) de terça-feira (14).
Também passaram de 31 para 61 as internações com uso de
ventilação mecânica, medida de auxílio respiratório aplicada em casos mais
graves. O crescimento foi de 96,8%.
O número de internações por casos suspeitos da Covid-19 em
Fortaleza também teve aumento, de acordo com os dados. Nas UTIs, passaram de 36
para 56, um acréscimo de 55,6%. Em relação a pacientes com ventilação mecânica,
subiram de 29 para 46, incremento de 58,6%.
Em nível estadual, o número de internações em UTIs de casos
confirmados e suspeitos cresceu de 113 para 169, no mesmo período, segundo a
Sesa. Já na ventilação mecânica, subiu de 87 para 135. As taxas de aumento são
de 49,6% e 55,2%, respectivamente.
A fonte de dados sobre as hospitalizações é o registro
diário feito pelas equipes dos hospitais que têm casos da doença. Nesta terça,
havia casos confirmados em internação hospitalar em cinco municípios: Fortaleza,
Juazeiro do Norte, Sobral, Caucaia e Quixeramobim.
Ainda segundo a Sesa, dos casos de Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SRAG) internados por coronavírus, 54,9% são homens e 45,1% são
mulheres. A maior parte está na faixa etária maior de 60 anos. Contudo, também
estão hospitalizados quatro pacientes com menos de um ano de idade, um de até
quatro anos e um entre 10 e 19 anos.