A presidente afastada Dilma Rousseff fez nesta quarta-feira,
10, um acordo com senadores aliados para retirar a palavra “golpe” da carta que
vai divulgar nos próximos dias, quando se referir ao processo de impeachment.
Em reunião com senadores que a apoiaram, um dia após virar ré no processo,
Dilma afirmou que, pessoalmente, defendia a inclusão do termo, mas aceitou os
argumentos de que chamar parlamentares de golpistas, neste momento, pode
fazê-la perder ainda mais votos.
Na Carta aos Senadores e ao Povo Brasileiro, que está sendo
reescrita, a presidente afastada também vai demonstrar disposição para atuar
pela concertação nacional, apoiando a Operação Lava Jato. O documento terá
frases de efeito. Dilma vai dizer, por exemplo, que seu partido é o Brasil e
assumirá erros políticos no relacionamento do governo petista com o Congresso.
Embora nos bastidores o impeachment seja considerado
irreversível, os aliados da presidente afastada procuram em público demonstrar
resistência. Na madrugada desta quarta-feira, 10, o Senado decidiu, por 59
votos favoráveis e 21 contrários, que Dilma irá a julgamento na Casa. Para que
ela deixe definitivamente o cargo são necessários 54 votos, e a decisão final,
no plenário do Senado, deve ser tomada no fim deste mês.
O presidente do PT, Rui Falcão, participou do almoço desta
quarta com Dilma, senadores e dirigentes de partidos aliados. Falcão
manifestou, mais uma vez, sua posição contrária à proposta de convocação de um
plebiscito para antecipar as eleições de 2018, sob o argumento de que, na prática,
isso é inviável.
Dilma, porém, discordou de Falcão. “Vou manter o
plebiscito”, afirmou a petista. “Apesar das posições diferentes, dissemos ali
que ela não perderá apoio por causa desse assunto. Isso não vai ser motivo de
crise nem com o PT nem com os partidos aliados nem com os movimentos sociais”,
comentou o senador Humberto Costa (PT-PE).
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que, embora
Dilma não tenha cedido nesse ponto, concordou, após muitas ponderações em
retirar a menção ao que seus defensores classificam como “golpe” parlamentar.
Tudo para não melindrar os senadores, às vésperas do julgamento final. “Esse
foi o acordo de hoje. Não haverá menção a golpe. Se mudarem de novo, estarão
quebrando o acordo”, observou Randolfe.
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