O número de incidentes causados por picadas de animas
peçonhentos soma 2.033 casos, este ano, no Ceará. Só em Fortaleza, foram 898
casos. Os dados são referentes ao período de janeiro a junho. Em todo o Estado,
1.170 ocorrências foram provocadas somente por escorpiões. Em 2015, as
ocorrências por picada de escorpião chegaram a 2.867. As informações são da
Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
De acordo com o farmacêutico do Centro de Assistência
Toxicológica
(Ceatox), Tiago Moura, a incidência de escorpiões na Capital
é maior no primeiro semestre do ano, quando ocorre a quadra chuvosa. Segundo
ele, os bichos procuram sair de lugares úmidos e acabam achando abrigo nas
casas. “O descontrole no alimento deles, que é a barata, também interfere.
Quanto mais baratas, maior é o desenvolvimento do escorpião”, explica.
O Ceatox registrou 1.834 picadas por escorpião no primeiro
semestre — 334 só em junho. Não existe inseticida para combater escorpiões.
O farmacêutico esclarece ainda que a espécie mais comum no
Estado, o escorpião listrado, não é venenosa. Os sintomas da mordida limitam-se
ao local da picada. Dor, sensação de dormência e choque são os principais
sinais, que podem ser combatidos com analgésicos. “Entretanto, existem
situações raras em que a toxina consegue atingir a corrente sanguínea”,
contrapõe. Nesses casos, tidos como mais graves, a vítima pode ter falta de ar,
aumento de sudorese e pressão arterial, além de probabilidade de vômitos e desmaios,
podendo haver convulsão.
Caso os primeiros sintomas surjam, recomenda Tiago, a pessoa
deve ir ao Ceatox, que fica no Instituto Doutor José Frota (IJF), na Capital,
para tomar antiescorpiônico — soro que combate o veneno do escorpião. “Crianças
abaixo de 9 anos e idosos, que são grupos de risco, devem procurar o centro
antes mesmo dos indícios aparecerem”, orienta.
O estoque de antiescorpiônico, segundo ele, não corre risco
de desabastecimento. Casos mais simples podem ser atendidos em unidades básicas
de saúde.
Em 2015, a dona de casa Francineuda Cardoso, 47, foi picada
por um escorpião enquanto dormia. Com dores fortes, foi atendida no Ceatox.
“Ardia muito, mas passou com a medicação”, diz.
Ocorrências de morte por picadas de escorpião não foram
identificados neste ano, diferentemente do ano passado, quando houve quatro
óbitos. Mortes por picada de outros animais peçonhentos foram três, neste ano,
segundo a Sesa. No ano passado, o número chegou a 12. (Caio Faheina/Especial
para O POVO)
Em junho, a Sesa recebeu nota do Ministério da Saúde sobre
suspensão na distribuição no Estado de soros antivenenos usados para o
tratamento de picadas de cobras. Cerca de 400 doses do soros chegaram à
secretaria no último dia 22.
A distribuição de 250 ampolas entre as cinco macrorregiões
de saúde do Estado, segundo a Sesa, foi feita até o dia 25, mesmo dia em que se
confirmou a morte de um agricultor por picada de cobra em Ubajara, a 329 km de
Fortaleza. Antônio Mendes, 64, deveria ter recebido o soro antiofídico, mas
estava em falta no hospital da Cidade.
A paralisação do envio de soros ocorreu porque, desde 2013,
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exigiu dos laboratórios o
cumprimento das normas estabelecidas pelas Boas Práticas de Fabricação, “o que
levou à necessidade de adequações e reformas nos parques industriais” e
interrupção na produção, conforme o ministério.
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