Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil
Lideranças do DEM, PPS e
PSB reagiram nesta quarta-feira, 18, à indicação do deputado André Moura
(PSC-SE) para liderança do governo Michel Temer na Câmara. Parlamentares desses
partidos, que defendiam o nome de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o posto, dizem que
não vão aceitar a indicação. No caso do DEM, deputados já cogitam, inclusive,
pressionar ministros da sigla a entregarem cargos na administração Temer.
Evidenciando o racha na base de Temer na Câmara, deputados
dessas siglas reclamam que Temer cedeu à pressão de partidos do chamado
Centrão, como PP, PSD, PTB e SD, que encamparam a indicação de Moura. “Foi uma
imposição deles ao Temer”, disse o vice-líder do PSB, deputado Danilo Forte
(CE). De acordo com o parlamentar cearense, os partidos vão procurar Temer para
dizer que não aceitarão ser “comandados pelo centrão”.
Os líderes do PPS, Rubens Bueno (PR), e do DEM, Pauderney
Avelino (AM), criticaram, em especial, a forma como o anúncio da indicação foi
feito. Eles dizem que a equipe de Temer não ligou para eles previamente para
comunicar a indicação e que só ficaram sabendo pela imprensa. O próprio Rodrigo
Maia, cujo nome era apoiado pelos partidos da antiga oposição a Dilma, confirma
que não foi comunicado antes da decisão de Temer.
Na bancada do DEM, partido de Maia, a indicação de André
Moura gerou um mal-estar ainda maior. O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ)
já pediu a Pauderney que convoque uma reunião da bancada para esta quarta-feira
para discutir o assunto. Ele pede a presença do ministro da Educação e Cultura,
Mendonça Filho, que é da sigla. “Se continuar desse jeito, vamos pedir para que
o Mendonça entregue o cargo”, afirmou Cavalcante ao Broadcast Político, serviço
de notícias em tempo real da Agência Estado.
O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), foi mais moderado.
Ele reconheceu que a relação de André Moura com o presidente afastado da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), favoreceu sua indicação para a liderança do
governo, o que pode ser considerado um aspecto negativo. Por outro lado, o
tucano avaliou que essa articulação do novo líder com Cunha e com o Centrão
pode vir a aumentar as chances de sucesso de Temer nas votações na Casa.
Líderes do centrão rebatem as críticas e dizem que Rodrigo
Maia não teria condições de assumir a liderança do governo. “Basta fazer as
contas. Rodrigo Maia só tem 25 votos. Nós temos 300. É bem simples”, afirmou o
líder do PP, Agnaldo Ribeiro (PB), que articula o novo bloco de apoio a Temer
com 13 partidos (PP, PR, PSD, PRB, PSC, PTB, PSL, PEN, SD, PTN, PHS, PROS e
PTdoB). O grupo deve ser formalizado na próxima terça-feira, 24, pois ainda
colhe as assinaturas para criação oficial.
De acordo com dois influentes deputados desse novo bloco,
para tentar diminuir a pressão da antiga oposição pela indicação do novo líder
do governo na Câmara, auxiliares de Temer pediram para líderes do novo centrão
reforçassem o apoio desses 300 deputados ao nome de Moura. O pedido foi feito
em reunião que se estendeu até a madrugada desta quarta. Na manhã de hoje, os
líderes do PP, PSD e PTB fizeram coletiva de imprensa para reafirmar o apoio.
O racha na base aliada de Temer vai além da disputa pela
liderança do governo. A antiga oposição e o centrão também divergem sobre a
permanência do deputado Waldir Maranhão (PP-MA) na presidência interina da
Casa. Enquanto a primeira quer a renúncia dele e novas eleições para presidente
da Câmara, o segundo quer mantê-lo no cargo, desde que ele aceite o que chamam
de “gestão compartilhada” da Câmara.
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