Os representantes de centrais sindicais que se reúnem neste
momento com o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), chegaram ao Palácio
do Planalto manifestando preocupação com a proposta defendida pelo novo
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de criar uma idade mínima para
aposentadoria.
Dizendo-se dispostos ao diálogo, os sindicalistas avaliam
que há uma série de medidas que podem ser tomadas antes de se pensar em alterar
as regras da previdência, e repetem a defesa de que os trabalhadores não podem
pagar a conta da crise econômica.
Grandes entidades que representam a categoria e condenaram o
processo de impeachment da presidenta afastada, Dilma Rousseff, não participam
do encontro. É o caso da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Na opinião do deputado Paulinho da Força (SD-SP), presidente
da Força Sindical, que participa do encontro, para resolver a situação há
outros caminhos como o fim das desonerações e a regularização dos jogos com
direcionamento de impostos para a previdência. "Idade mínima é uma coisa
de maluco. Como vamos aceitar hoje discutir idade mínima? Ela penaliza os mais
pobres, aqueles que começam a trabalhar antes. Tem que ver quais são setores da
previdência que está tendo problema. O governo está entrando hoje, nem sabe
como é a previdência. Então tem que entender primeiro para depois falar de
reforma", disse.
Ponto vetado
De acordo com o presidente da Central dos Sindicatos
Brasileiros (CSB), Antônio Neto, os trabalhadores estão abertos à discussão,
mas não há como aceitar a idade mínima. Segundo ele, "essa maldade já foi
feita" quando o governo criou a fórmula 85/95 progressiva, que determina a
aposentadoria quando a soma da idade e tempo de contribuição dos homens for 95
anos, e das mulheres 85.
"Se todo mundo ajudar, a gente também ajuda. Agora, não
dá para só nós ajudarmos. Ultimamente parece que só os trabalhadores. E o
resultado que nós temos visto está nas ruas. São 11 milhões de
desempregados", afirmou.
Já o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT),
Ricardo Patah, demonstrou discordância com a unificação das idades entre homens
e mulheres. "Hoje, se a gente analisar, a mulher ganha muito menos que o
homem, em média. É assediada, estuprada, morta. Como é que podemos comparar da
mesma forma. Acho que pode até ocorrer mudanças desde que haja políticas de não
discriminação, que haja salários paritários, porque senão estamos fazendo uma
injustiça muito grande", afirmou, antes de se reunir com Temer e os
ministros do governo.
Na última sexta-feira, o ministro da Fazenda concedeu uma
entrevista em que confirmou que haverá idade mínima.
Agência Brasil
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