Queda foi puxada pela indústria (-9,8%), mas todos os
setores apresentação retração.
Por Ingrid Coelho, G1 CE
O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará apresentou retração
de 4,65% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com os últimos três meses
de 2019, conforme divulgou na tarde desta terça-feira (30) o Instituto de
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Na comparação com os
primeiros três meses de 2019 a queda da atividade cearense foi de 0,4%.
Na avaliação do coordenador de Contas Regionais do Ipece,
Nicolino Trompieri, a forte queda na passagem do último trimestre de 2019 para
o primeiro trimestre de 2020 -- este último afetado pela pandemia do
coronavírus -- também está ligada ao "efeito base".
"A gente teve mais gordura pra queimar. Como a gente
tinha essa gordura a mais, a queda foi bem mais significativa [que o resultado
do Brasil]".
Na comparação com o quarto trimestre de 2019, todos os
setores apresentaram retração. Novamente a maior queda foi na Indústria
(-9,8%), seguida pela agropecuária (-9,10%). O setor de serviços apresentou
queda de 3,07%.
A principal baixa na comparação com o primeiro trimestre de
2019 foi observada na Indústria, que apresentou baixa de 0,81% no primeiro
trimestre de 2020. A Agropecuária foi o único a apresentar resultado positivo:
crescimento de 0,66%.
Sobre a Agropecuária, a analista do Ipece Cristina Lima,
observa que a atividade no primeiro trimestre é fortemente influenciada pela
pecuária. "As atividades relacionadas à produção de leite, ovos e bovinos
obtiveram crescimento, embora menos acelerado ante os trimestres
anteriores".
Indústria
O analista Wítalo Lima explica que o impacto observado na
indústria no período lembra os efeitos sentidos pelo setor durante a greve dos
caminhoneiros. "A atividade de transformação é o principal segmento da
nossa indústria e ela sente o efeito direto da pandemia, já que o Estado
interrompeu a produção. É diferente do comércio, que pôde operar por meio de
delivery. A indústria não tem essa característica".
Em relação ao setor se Serviços, o também analista do
instituto, Alexsander Lira, destaca que o resultado negativo do comércio é
explicado, em parte, pelas medidas restritivas adotadas, mas também por já
estar apresentando problemas nos primeiros dois meses do ano.
"A gente não pode esquecer que em março foi realmente
uma queda expressiva, apenas o segmento de alimentos apresentou resultado positivo
na última Pesquisa Mensal do Comércio", pontua. "O comércio
representa em torno de 20% do setor de Serviços, então ele é o fator
determinante da queda observada no trimestre", analisa Alexsandre. A
atividade do comércio apresentou queda de 1,14% no período ante o primeiro
trimestre de 2019.
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