sexta-feira, 31 de julho de 2020

Números de acidentes de trânsito voltam a subir em Fortaleza com retorno de atividades


Durante o período de isolamento social mais rigoroso, em abril, 428 acidentes foram registrados na Capital. Em junho, quando teve início a retomada econômica, a quantidade aumentou para 652, conforme dados da AMC.
Por Alexia Vieira e Barbara Câmara

Paralelamente ao aumento no volume de veículos e pedestres nas ruas, após a flexibilização do isolamento social, o número de acidentes de trânsito voltou a subir em Fortaleza. De acordo com a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), no mês de junho, quando o plano de retomada econômica começou a ser implementado, a quantidade de sinistros teve um aumento de 52,3% se comparado a abril.

Quando o distanciamento era mais rígido e mais pessoas optavam por ficar em casa para evitar o contato com o coronavírus, 428 acidentes foram registrados na Capital. Já em junho, este número subiu para 652.

O crescimento na quantidade de colisões, para o professor de engenharia de transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC) Flávio Cunto “os acidentes tendem a ser proporcionais ao fluxo veicular. A redução dos acidentes que ocorreu é um reflexo da diminuição da atividade nas ruas, não porque as ruas ficaram mais seguras”. Ele avalia que a tendência é de que os índices voltem a se aproximar aos dados observados antes do período de pandemia.

No entanto, Dante Rosado, coordenador executivo da Iniciativa Bloomberg para Segurança Global no Trânsito, afirma que os números podem chegar a um patamar ainda maior do que os níveis pré-pandêmicos.


Para ele, a tendência de migração para o transporte individual, principalmente para as motos, que são mais baratas, é capaz de elevar a quantidade de acidentes. Ele reconhece a necessidade de monitoramento nesta fase de retomada do trânsito.

Caso essa tendência se confirme, motivada pelo medo de contágio dentro dos espaços lotados e pequenos de transportes coletivos, Flávio explica que é possível uma mudança na distribuição do fluxo e na frequência dos acidentes.

Acidentes com vítimas
A quantidade de ocorrências com vítimas também cresceu na comparação mensal. Em abril, a Autarquia registrou 267 acidentes com vítimas na Capital; já em junho, foram 395 — aproximadamente 47% a mais.

A empresária Paula Mello, de 45 anos destaca que, embora o acesso às vias tenha se tornado mais rápido, não pôde vivenciar a “calmaria” esperada. Ela abriu uma empresa de delivery durante a pandemia, e, há três semanas, sofreu um acidente a caminho de uma entrega.

“Dois carros pararam na minha frente, e, para não ficar atrás deles, liguei a seta para a esquerda. Olhei pelo retrovisor e não vinha ninguém. Quando acelerei, não andei nem um metro e meio. Um carro veio por trás e me pegou pelo lado esquerdo, bati meu rosto na porta traseira, e ele arrancou. Perdi o controle da moto, caí no chão. Felizmente quebrou só o descanso do pedal, e eu me ralei”, conta.

Estresse
A mudança no fluxo de veículos combinada com o estresse pessoal da vida de cidadãos atingidos pela pandemia, tanto pela doença quanto pelas consequências econômicas, também pode indicar um comprometimento das interações no trânsito, segundo Flávio Cunto.

“Isso faz com que a gente traga para o trânsito um conjunto de pessoas que tem um nível de estresse muito maior. E o nível de estresse não significa maior agressividade, mas significa maior falta de atenção em alguns momentos”.


“A segurança viária se torna importante neste momento porque é um problema de saúde pública, assim como a Covid-19. Neste momento, a maior parte dos recursos da rede hospitalar deve estar sendo direcionado para a questão de tratamento da Covid, da pandemia. Então qualquer outra causa que venha a competir com isso, não é interessante”, opina Dante.

Por isso, Cunto também acredita sejam necessárias campanhas de conscientização voltadas para o momento de retomada do trânsito. O retorno ao fluxo normal precisa ser harmônico para “não superlotar hospitais de emergência com acidentes de trânsito”, frisa.

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