O fóssil foi encontrado em 2008 e passou a ser estudado por
pesquisadores do Ceará, de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Nome homenageia
Museu Nacional.
Por Antonio Rodrigues, G1 CE
Pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca) , da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Museu Nacional apresentaram
nesta sexta-feira (10) detalhes sobre uma nova espécie de dinossauro encontrada
na bacia sedimentar do Araripe, em Santana do Cariri, no Sul do Ceará. Batizado
de Aratasaurus museunacionali, o animal é membro do grupo de carnívoros e seu
fóssil foi localizado em 2008.
A estimativa é de que o predador carnívoro viveu há 115
milhões ou 110 milhões de anos, no período Cretáceo, se tornando o dinossauro
mais antigo já descoberto no Ceará. A ossada mais antiga do mundo de um
dinossauro predador foi descoberta no Rio Grande do Sul e tem cerca de 230
milhões de anos.
De acordo com a pesquisadora da UFPE Juliana Sayão, que
liderou a descoberta, este grupo de dinossauros carnívoros tem como
representantes atuais as aves, que inclui outra espécie encontrada na mesma
região, o Santanaraptor. “Isso mostra que estes dinossauros carnívoros estavam
mais dispersos do que a gente imagina”, observa a paleontóloga.
O nome da nova espécie, Aratasaurus museunacionali,
significa “nascido do fogo” e foi dado em homenagem ao Museu Nacional, no Rio
de Janeiro, que, em setembro de 2018, sofreu com o incêndio que destruiu grande
parte do seu acervo. Apesar do incidente, a área onde estava o fóssil não foi
atingida pelo fogo e a peça permaneceu intacta.
Detalhe do pé do fóssil descoberto em 2008 — Foto:
Divulgação
Detalhe do pé do fóssil descoberto em 2008 — Foto:
Divulgação
Reconstrução indica como era o dinossauro, que viveu no
período Cretáceo. — Foto: Divulgação
Reconstrução indica como era o dinossauro, que viveu no
período Cretáceo. — Foto: Divulgação
Fóssil
O fóssil foi encontrado em 2008 na Mina Pedra Branca, em
Santana do Cariri. Na época, o então diretor do Museu de Paleontologia, Plácido
Cidade Nuvens (cujo nome hoje batiza o equipamento), apresentou o material a
Juliana, que identificou como sendo de um dinossauro. Especialista em
Archosauria, ela levou consigo a peça para a UFPE, onde iniciou os estudos, que
foi concluído no Museu Nacional.
O paleontólogo da Urca, Álamo Saraiva Feitosa, lembra que na
época em que foi encontrado, acreditava-se que se tratava de um pterossauro.
“Ainda não havia feito a preparação, e dinossauros eram muito poucos aqui”,
conta. “Os outros estão na parte mais 'nova' da Formação Romualdo, com influência
marinha. Na época, os continentes [África e América do Sul] se encontravam em
separação”, explica.
A partir das análises microscópicas, foram identificadas
algumas características do dinossauro. Pela dimensão da pata, recorrendo a
espécies evolutivamente próximas, chegou-se à conclusão que ele tinha médio
porte, chegando a 3,12 metros e podendo ter pesado até 34,25 quilos.
“Pela análise dos seus ossos, a gente viu que se tratava de
um animal jovem. Há marcas que mostram uma pausa de desenvolvimento”, explica
Juliana.
Os pesquisadores acreditam que esta espécie enfrentou
dificuldades, já que conviveu com um ambiente mais árido. “Isso se sabe porque
encontramos fragmentos de material lenhoso, escuro, bem parecido com carvão na
mesma camada. Isso indica que havia condições de acontecer paleoincêndios
vegetacionais”, detalha a paleontóloga Flaviana de Lima.
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