"Um camponês criou um filhotinho de águia junto com
suas galinhas. Tratando-a da mesma maneira que tratava as galinhas, de modo que
ela pensasse que também era uma galinha.
Dando a mesma comida jogada no chão, a mesma água num bebedouro rente ao
solo, e fazendo-a ciscar para complementar a alimentação, como se fosse uma
galinha.
E a águia passou a se portar como se galinha fosse.
Certo dia, passou por sua casa um naturalista, que vendo a
águia ciscando no chão, foi falar com o camponês:
- Isto não é uma galinha, é uma águia! O camponês
retrucou: - Agora ela não é mais uma
águia, agora ela é uma galinha!
O naturalista disse: -
Não, uma águia é sempre uma águia, vamos ver uma coisa..
Levou-a para cima da casa do camponês e elevou-a nos braços
e disse: - Voa, você é uma águia, assuma sua natureza !
- Mas a águia não voou, e o camponês disse:
- Eu não falei que ela agora era uma galinha !
O naturalista disse: - Amanhã, veremos...No dia seguinte,
logo de manhã, eles subiram até o alto
de uma montanha.
O naturalista levantou a águia e disse:
- Águia, veja este horizonte, veja o sol lá em cima, e os
campos verdes lá em baixo, veja, todas estas nuvens podem ser suas.
Desperte para sua natureza, e voe como águia que és...
A águia começou a ver tudo aquilo, e foi ficando maravilhada
com a beleza das coisas que nunca tinha visto, ficou um pouco confusa no
inicio, sem entender o porquê tinha ficado tanto tempo alienada.
Então ela sentiu seu sangue de águia correr nas veias,
perfilou, de vagar, suas asas e partiu num vôo lindo, até que desapareceu no
horizonte azul."
Criam as pessoas como se galinhas fossem, porém, elas são águias. Por isso, todos podemos
voar, se quisermos. Voe cada vez mais alto, não se contente com os grãos que
lhe jogam para ciscar.
Nós somos águias, não temos que agir como galinhas, como
querem que a gente seja. Pois com uma
mentalidade de galinha fica mais fácil controlar as pessoas, elas abaixam a
cabeça para tudo, com medo.
Conduza sua vida de cabeça erguida, respeitando os outros, sim,
mas com medo, nunca!
Bom dia
(Do livro A Águia e a galinha de Leonardo Boff.)
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