O levantamento é realizado pelo MonitoraCovid-19, da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Por Rodrigo Rodrigues, G1 CE
Ceará tem 5 cidades no ranking nacional que aponta os 50
municípios brasileiros que levam menos dias para duplicar o número de casos de
Covid-19. O levantamento é realizado pelo MonitoraCovid-19, da Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz). Os dados da plataforma, atualizados até esta quarta-feira (13),
consideram somente cidades com mais de 30 casos confirmados da doença.
Os municípios cearenses no ranking são Itapipoca (média de
6,5 dias para duplicação); Sobral (média de 7 dias); Caucaia (média de 7,5
dias); Fortaleza (média de 7,57 dias); e Canindé (média de 8 dias). Além disso,
Maranguape e Fortaleza figuram na lista que considera a duplicação de óbitos.
Pior cenário do Estado, Itapipoca registrava, em 1º de
abril, 80 casos confirmados e 3 óbitos em decorrência da doença. Uma semana
depois, no dia 8, o número de casos mais que dobrou - 206 notificações. Até às
17h57 desta quarta-feira (13), a cidade já contabilizava 277 confirmações e 21
óbitos, segundo a plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde (Sesa) do
Ceará.
Secretaria de Saúde de Itapipoca passou a organizar filas
de lotéricas para evitar disseminação do vírus, além de aferir temperatura e
nível de oxigênio no sangue — Foto: Divulgação
Secretaria de Saúde de Itapipoca passou a organizar filas
de lotéricas para evitar disseminação do vírus, além de aferir temperatura e
nível de oxigênio no sangue — Foto: Divulgação
Ainda segundo a última atualização da plataforma, o Ceará
registrou o recorde de mortes em um período de 24 horas, com outros 109 óbitos
contabilizados desde esta terça-feira (12). Agora são 1.389 pessoas que não
resistiram à Covid-19, com mais 19.156 diagnósticos positivos para a doença.
Avanço
O avanço rápido também coloca a cidade na 6ª posição em
número de casos confirmados no Estado, ficando atrás, apenas, de Fortaleza
(12.037), Caucaia (752), Maracanaú (397), Sobral (324) e Eusébio (284).
O crescimento no número de casos causa preocupação na gestão
municipal. A subsecretária de saúde do município, Mayla Sampaio, ressalta que a
Prefeitura vem adotando medidas mais duras para reduzir o fluxo de pessoas.
“Foi decretado o fechamento do comércio e criamos barreiras
sanitárias na entrada da cidade”, explica. “Também aumentamos uma ala na
Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com 20 leitos para pacientes com quadros
suspeitos ou confirmados de Covid-19”.
A Prefeitura deve, ainda, passar a utilizar o Hospital
Regional de Itapipoca, com criação de uma ala específica para atendimento de
pacientes com a Covid. “Estamos em conversação com a Secretaria da Saúde para
aquisição de equipamentos”, pontua Mayra.
Segundo o Diretor Administrativo da unidade, Juliano
Ragnini, o não cumprimento do isolamento é um dos motivos para que a rede
pública fique sobrecarregada. “Temos 10 leitos de UTI e atendemos como
referência de pacientes graves. Neste exato momento, todos os leitos estão
ocupados com casos confirmados ou suspeitos de Covid-19”, explica. Ele ressalta
que os leitos foram construídos em 20 dias: “Já salvamos muitas vidas”.
Concentração
Em nota, a FioCruz informou que a transmissão do vírus se dá
com base nas lógicas de circulação de pessoas e mercadorias. Neste contexto,
algumas cidades estão posicionadas no centro de uma rede de circulação, o que
favorece a disseminação tanto nas capitais como nos municípios menores.
Um destes polos, Sobral - que registra o maior número de
casos da doença no interior, vem adotando medidas mais duras de isolamento
social. A Prefeitura determinou o uso obrigatório de máscaras em
estabelecimentos essenciais, válido desde o último dia 4, e aumentou a
fiscalização no centro comercial do município, além de limitar o acesso de
visitantes à cidade.
Segundo Boletim Epidemiológico da Sesa, emitido no último
dia 12, o Hospital Regional Norte (HRN), maior polo de saúde público do
município, já está com todos os leitos de UTI (90,0%) e de enfermaria (128,0%)
ocupados. Segundo a Sesa, a taxa de ocupação geral da unidade é de 109,0%,
mostrando a sobrecarga do sistema.
Interiorização
Conforme a Fiocruz, “existe uma tendência à interiorização
da epidemia”, que está chegando de forma acelerada aos municípios de menor
porte. No Ceará, até o último dia 11, mais da metade (55%) dos pequenos
municípios, com até 10 mil habitantes, já registravam casos da doença. Nas
cidades com 10 mil a 20 mil habitantes, este índice chega a 95%. Já nos
municípios com mais de 20 mil habitantes, “todos já têm algum caso confirmado e
informado por meio de suas autoridades locais”, aponta a Fiocruz.
Ampliação
Em nota, a Sesa informou que já ampliou 492 leitos de UTI e
1.670 de enfermaria para atendimento de pacientes com Covid-19. "O Ceará
possui uma estrutura de saúde bem distribuída pelo Interior, com hospitais
regionais em Juazeiro do Norte, Sobral e Quixeramobim, além de hospitais polo
em cidades estratégicas, como Maracanaú, Caucaia, Itapipoca, Crateús, Tauá,
Iguatu e Icó", explica a Secretária.
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