Estudantes de dois colégios de São Paulo enviaram à Estação
Espacial Internacional um experimento sobre como o cimento reage fora da Terra,
um passo para pesquisas sobre a colonização de outros planetas.
Por RFI
Pela primeira vez, uma pesquisa conduzida por estudantes
brasileiros foi enviada à Estação Espacial Internacional (ISS). Nesta
segunda-feira (1º), os resultados foram apresentados ao público, em um evento
realizado no Museu Aeroespacial do Smithsonian, também conhecido como
Udvar-Hazy Center, localizado em Chantilly, no estado da Virginia, nos
arredores de Washington.
O experimento, chamado de Cimento Espacial, foi realizado
por adolescentes paulistas e teve como objetivo descobrir como o cimento
reagiria no espaço e qual seria o efeito da radiação no material em um ambiente
de microgravidade. Os autores do estudo são alunos do 9º ano do Colégio Dante
Aligheri, em São Paulo: Laura D’Amaro, Otto Gerbakka, Guilherme Funck e Sofia
Avila. O outro jovem cientista é Natan Cardoso, da primeira série do ensino
fundamental da escola Anglo Morumbi.
Os jovens descobriram que o processo de cristalização era
maior na Terra do que no espaço e não há consenso na comunidade científica
sobre as consequências disso. Os efeitos da radiação ainda estão sendo
analisados. “Ficamos bem animados porque foi um resultado importante. É algo
inédito que conseguimos fazer”, diz Laura. A experiência fez com que o
interesse da jovem pela ciência aumentasse. “Quero muito continuar a trabalhar
com espaço e continuar com esse tipo de pesquisa”, disse.
“Não existe um consenso sobre se a cristalização menor é
algo positivo ou negativo, o que é muito legal, pois leva a mais pesquisas.
Como a ideia é no futuro que a gente consiga habitar outros planetas ou
conhecer um pouco mais o universo, as construções são muito importantes, pois a
natureza física das coisas fora da Terra é muito diferente daquela dentro da Terra”,
diz Tiago Bodê, professor de ciências da natureza e biologia do Dante.
Nasa lançou experiência no espaço em 2018
O experimento foi lançado no espaço pela Nasa (agência
aeroespacial americana) em junho de 2018, em um foguete da SpaceX, empresa de Elon
Musk. O cimento foi misturado com água e plástico reciclado – o plástico verde
feito de cana-de-açúcar brasileira foi usado para diminuir a passagem de
radiação, que pode causar câncer em astronautas – para depois averiguar o
processo de endurecimento do material no espaço.
Na Estação Espacial, um astronauta da Nasa retirou a
presilha que separava o cimento da água e do plástico verde, chacoalhando e, a
seguir, deixando o tubo em repouso. O mesmo foi feito na Terra, com um tubo
usado como controle. Em agosto do ano passado, o experimento espacial voltou à
Terra para ser comparado com o tubo para controle. Os resultados foram
analisados pelos jovens cientistas em parceria com o acelerador de partículas
da Unicamp e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP (IPT).
Apesar de ser de enorme importância para a colonização de
outros planetas e, mais especificamente, Marte, ainda há poucos estudos sobre o
comportamento do cimento em um ambiente de microgravidade. O experimento dos
estudantes brasileiros deve servir como referência para muitos futuros projetos
espaciais.
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