sexta-feira, 12 de julho de 2019

Remédios são vendidos de maneira irregular e por preços menores em feiras livres de Fortaleza


Comprimidos, xaropes e pomadas ficam expostos à poeira e ao calor e são comercializados a preços menores do que nas farmácias.
Por Nícolas Paulino, G1 CE
Flagrantes de vendas de remédios em feiras livres da capital
As transações irregulares de medicamentos ocorrem em espaços de comércio informal com facilidade, em Fortaleza, embora sejam proibidas pela legislação brasileira. A reportagem do G1 percorreu 10 feiras da capital cearense, constatando a venda irregular em seis. Em nenhuma delas havia presença de agentes fiscalizatórios, embora a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) tenha registrado quase mil autuações em um ano e meio.

Nos primeiros seis meses de 2019, o órgão realizou 351 autuações, quase 60 por mês. O dado já é superior à média de 54 ocorrências mensais de todo o ano passado, que teve 647 autuações. Elas ocorrem após vistorias em estabelecimentos comerciais de produtos farmacêuticos e no atendimento a denúncias de irregularidades em feiras, praças e comércios em geral.

A Lei Municipal Nº 8.222/1998 estabelece a proibição de “comprar, vender, ceder, transportar ou usar medicamentos sem registro, licença ou autorizações dos órgãos sanitários competentes ou contrariando o disposto na legislação sanitária pertinente”. A multa para esses casos, segundo a Agefis, pode chegar a R$ 17.102, de acordo com gravidade e reincidência da infração.
Com registro
Henrique Jorge - 4 boxes
Demócrito Rocha - 2 boxes
Jardim América - 1 box
Pici - 1 box
Papicu - 1 box
Beco da Poeira - vendedor volante
Sem registro
Bairro de Fátima
Dias Macêdo
Rodolfo Teófilo
Vila União
Nos corredores da feira do bairro Henrique Jorge, dezenas de comprimidos são expostos sobre bandejas ao lado de caixas de xaropes e outros tipos de medicamentos. Um deles é o Apevitin-BC, estimulante do apetite utilizado para crescimento e ganho de peso, que uma das vendedoras recomendou para uma mulher de mãos dadas com uma criança.

“Tem de R$3 e tem de R$5”, respondeu outra vendedora ao ser questionada sobre o estoque de omeprazol, remédio para quem sofre de gastrite e refluxo. Sobre o preço, ela se referia ao tamanho das cartelas disponíveis. Amontoados ao ar livre, havia ainda paracetamol, dipirona, prednisolona e outros medicamentos utilizados principalmente como antitérmicos, antigripais e analgésicos.

Autorização
De acordo com a Lei Federal Nº 5.991/73, é proibida a comercialização de qualquer tipo de medicamento que não seja em farmácia ou drogaria licenciada e autorizada pelos órgãos sanitários. Além disso, o artigo 282 do Código Penal Brasileiro define que o exercício ilegal da profissão de farmacêutico é punível com detenção de seis meses a dois anos. Se o crime for praticado com o fim de lucro, uma multa também pode ser aplicada.

A maioria dos feirantes irregulares parece se dar conta dos riscos da atividade. Com a aproximação da equipe de reportagem, eles realizavam o mesmo modus operandi: cobrir os remédios com peças de vestuário, que vendem de forma complementar. Outros saíam de seus espaços para avisar os colegas.

Já a venda de medicamentos sujeitos a controle especial sem autorização, conhecidos como “tarja-preta”, ou em desacordo com a legislação, conforme a Agefis, também é configurada como crime, “cabendo à Polícia realizar a prisão dos praticantes do ilícito”. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a fiscalização da venda compete à Vigilância Sanitária, e que a Polícia Civil atua quando ocorre a falsificação ou a adulteração de medicamentos, com base no artigo 273 do Código Penal.


A Agefis esclarece que as verificações têm o objetivo “de proteger a saúde da população”, uma vez que tais medicamentos podem ser objetos de roubos ou falsificações, além de facilitarem o consumo indiscriminado dos fármacos, “prática que pode gerar graves problemas à saúde”.

A exposição aos riscos chega a ser desnecessária, já que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou disponibilizar 84 itens que compõem o elenco de medicamentos prioritários da Atenção Primária, incluindo analgésicos, antitérmicos e antialérgicos, em todos os 113 postos de saúde de Fortaleza e nas sete centrais de distribuição de medicamentos dos terminais de ônibus.

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