Abordagem ocorrida em Horizonte, na Grande Fortaleza, foi
confirmada pela Polícia Militar do Estado do Ceará.
Por Emanoela Campelo de Melo, G1 CE
Anderson Henrique da
Silva Rodrigues está desaparecido desde 11 de junho; mãe denuncia que garoto
foi assassinado — Foto: Arquivo pessoal Anderson Henrique da Silva Rodrigues
está desaparecido desde 11 de junho; mãe denuncia que garoto foi assassinado —
Foto: Arquivo pessoal
Anderson Henrique da Silva Rodrigues está desaparecido desde
11 de junho; mãe denuncia que garoto foi assassinado — Foto: Arquivo pessoal
Por volta das 12h do dia 11 de junho de 2019, os vizinhos de
Anderson Henrique da Silva Rodrigues, 20, o ouviram gritar: "socorro, eles
vão me matar". Depois dali, ninguém mais teve notícias sobre seu
paradeiro. Há um mês, a família de Anderson iniciava as buscas por ele, logo após
saber por populares que o jovem foi abordado e espancado por policiais
militares.
A abordagem ocorrida em Horizonte, na Região Metropolitana
de Fortaleza (RMF), foi confirmada pela Polícia Militar do Estado do Ceará. Na
versão da corporação, policiais do Comando de Policiamento de Rondas e Ações
Intensivas e Ostensivas (CPRaio) verificaram que com Anderson não havia nada
ilícito e, em seguida, o liberaram.
Em depoimento prestado à Polícia Civil, moradores que
presenciaram a abordagem negam que o fato se deu dentro da legalidade e falam
ter visto cenas de torturas e uma invasão à residência da vítima.
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança
Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que a Delegacia de Assuntos
Internos (DAI) instaurou inquérito policial para apurar o desaparecimento de
Anderson.
Em nota, a pasta disse que as investigações continuam, mas
não podem divulgar os locais onde a polícia atua, para não atrapalhar a
elucidação da ocorrência. Ainda segundo a CGD, mandados de busca e apreensão já
foram cumpridos pela DAI, além da oitiva de testemunhas.
Sem esperanças
Aline Sinara, companheira de Anderson, não acredita que ele
ainda esteja vivo, e nem que o corpo vá ser recuperado. Para ela, o que resta é
a expectativa de que seja feita justiça e todos os policiais militares sejam
presos. A mulher acredita que Anderson foi morto ainda dentro da sua
residência, depois de uma hora de muitas agressões.
Anderson tinha passagens pela polícia pelos crimes de
receptação, desobediência e porte ilegal de arma de fogo. Havia sido solto há
poucos meses e era tido pela vizinhança como um rapaz tranquilo. Aline acredita
ter sido um outro policial o responsável por encomendar o assassinato do
namorado.
"Ele vivia dizendo 'se o Raio me pegar, vai me matar,
eles têm marcação em mim'. Uma vez me disse que tinha um policial devendo R$ 2
mil em droga a ele. Quando eu soube que a polícia tinha abordado e ele sumido,
desconfiei logo que foi esse policial que mandou matar. O que fizeram foi uma covardia
muito grande. Eles têm que pagar, querendo ou não", pediu Aline.
Após 30 dias, Anderson permanece desaparecido. Não foi
encontrado com vida, e nem o corpo devolvido aos parentes. A repercussão do
caso fez com que os sete policiais identificados como participantes da
abordagem fossem afastados das ruas e realocados em funções administrativas no
CPRaio. Contra o grupo foi instaurado procedimento disciplinar para apuração na
seara administrativa.
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