Duas práticas criminosas se dão pelo aplicativo WhatsApp e a
outra, pelo chip do celular.
Por Daniel Praciano e Messias Borges, G1 CE
Três golpes pelo celular estão em alta e fazem vítimas
diariamente no Ceará, segundo o titular da Delegacia de Defraudações e
Falsificações (DDF), da Polícia Civil, delegado Jaime de Paula Pessoa Linhares.
Duas práticas criminosas se dão pelo aplicativo WhatsApp e a outra, pelo chip.
"Temos que ter a consciência de que os golpistas hoje
têm muito mais domínio com relação a essas ferramentas que estão colocadas para
o uso geral", alerta o delegado.
Um dos golpes é conhecido como "link fraudulento".
O criminoso envia uma mensagem via WhatsApp, se passando principalmente por
empresas, e prometem prêmios. Quando a vítima clica no link, é levada para um
site, que solicita dados pessoais. Com as informações, o golpista comete outros
crimes.
Foi assim que um estelionatário teve acesso ao WhatsApp de
um deputado estadual do Ceará, Acrísio Sena (PT).
"Eles entram pedindo a você a atualização de algum
dado. Você termina não prestando atenção, (pensa) que é algo sério e passa seus
dados. Quando cliquei, já perdi o WhatsApp, que passou para o controle dos
bandidos. É uma sensação muito ruim. Você vê as pessoas dialogando com o
criminoso como se fosse você e você não consegue fazer nada", revela.
O político teve a ajuda de amigos da área de Tecnologia da
Informática (TI) para rastrear o criminoso. "Felizmente conseguimos
conter, mas ele ainda conseguiu lesar uma jornalista que trabalhava comigo. Ela
transferiu o dinheiro para uma conta de um laranja aqui de Fortaleza. O cidadão
(suspeito) já estava na boca do caixa para retirar o dinheiro. É tudo muito
rápido. Contactamos o gerente do banco para bloquear futuros repasses para a
conta do criminoso", completa.
Outro golpe que se concretiza pela mesma plataforma é o
"roubo do WhatsApp". O golpista envia um SMS para a vítima e pede
para que ele responda quais os caracteres que ela recebeu na mensagem. Com o
número, o criminoso ativa o aplicativo no seu chip, resgata os contatos da
conta e pede recursos emprestados aos mesmos.
Um golpista se aproveitou de um anúncio da venda de um
produto feito pelo comerciante Francisco Esperidião Sales em outro aplicativo,
o OLX, para se passar por um funcionário da plataforma e pedir os caracteres
que continham no SMS.
"Foi uma coisa rápida, de segundos. Já foi ele mandando
mensagens para meus amigos (no WhatsApp). Os amigos ligando para minha esposa,
perguntando se estava tudo bem. Foi na hora que eu caí na realidade que tinha
sido 'clonado'. Eles já estavam pedindo dinheiro emprestado, cartão",
constata o delegado.
Outra prática criminosa é conhecida como SIM Swap (que
significa a troca do chip do celular). O criminoso coleta dados das vítimas
através de vazamentos de dados pela Internet ou pela compra de informações de
grupos criminosos e entra em contato com a operadora telefônica, passando-se
pela vítima, para que cancelar o chip e resgatar o número.
Com isso, o telefone da vítima perde a conexão (voz e dados)
e o fraudador recebe todos os SMS e chamadas de voz destinados à vítima, que
são utilizados com a finalidade de obter vantagens financeiras.
Registros diários
O delegado Jaime Linhares afirma que os registros desses
golpes chegam à Polícia Civil do Ceará todos os dias. O número não é
contabilizado porque todos os casos são enquadrados como crime de estelionato -
como inúmeras outras práticas.
"São golpes que o estelionatário procura agir com
valores menores, R$ 1 mil, R$ 2 mil. Justamente para não chamar atenção. Ele
tem um curto intervalo de tempo para que possa ter sucesso com a aplicação dos
golpes", detalha.
O delegado comenta que, pouco tempo depois, a vítima costuma
perceber que caiu no golpe. "A primeira precaução é, quando você ter a
ciência de que você está sem a linha telefônica, sem um aplicativo, comunique
imediatamente à Polícia, faça o registro na Delegacia mais próxima, também faça
o comunicado ao banco que tem seus dados no telefone e dê notícia às pessoas,
aos seus contatos", orienta.
Prevenção
Especialistas de segurança digital entrevistados pelo G1
reforçaram a importância de os usuários da Internet utilizarem o segunda camada
de autenticação dos sites.
"É uma tecla muita repetitiva, mas pertinente. Muitos
sites e serviços, de um modo geral, possuem o segundo fator de autenticação.
Mesmo que eu tenha teu usuário e senha, eu vou precisar de um segundo fator de
autenticação para acessar aquele teu serviço e autenticar a conta. Por mais que
seus dados estejam comprometidos, o segundo fator vai ser um código dinâmico
que só vão servir para um momento específico", explica o analista de
Gestão de Vulnerabilidade da Morphus, Joel Teixeira.
O perito forense computacional Marcos Monteiro é enfático
quando questionado sobre dicas para evitar cair em golpes pelos celulares:
"nunca informe a ninguém sua senha e SMS".
"O modus operandi (forma de atual) é igual para
objetivos distintos. Uma cliente disse que haviam hackeado o e-mail dela e
apagaram tudo. Fui investigar. Ele (criminoso) se fez passar por uma pessoa que
estaria participando de processo seletivo, ela estava em um site de recursos
humanos. 'Precisamos só de um SMS para confirmar que você recebeu o cadastro'.
Esse SMS era do Gmail, do Google, quando quero entrar na conta porque esqueci a
senha. Peço seu SMS, acesso seu e-mail, apago tudo. Como sei seu e-mail, que é
o mesmo que entrou no celular Android, eu consigo formatar seu celular Android
remotamente. Tudo isso por causa de um SMS", revela.
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