Procedimentos com córnea, rim e coração tiveram as maiores
reduções nos primeiros meses de pandemia no Estado.
Por Lucas Falconery e Nícolas Paulino, G1 CE
Os efeitos da pandemia do novo coronavírus afetaram o número
de transplantes realizados no Ceará, com queda de 48,4% de janeiro a junho,
como divulgado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO),
nesta quarta-feira (12). Foram registrados 737 procedimentos no primeiro
semestre do último ano e 380 transplantes em igual período de 2020.
Os transplantes renais tiveram a maior baixa durante a
pandemia com o registro de 65 procedimentos no período. No primeiro semestre de
2019, foram 132 cirurgias do tipo - correspondente à 50,76% de redução. Além
disso, os transplantes de córnea caíram 51%, coração 50%, medula óssea 46% e
fígado 34,3%. Não foram feitos transplantes de pâncreas e de pulmão neste
primeiro semestre.
Por meio do Relatório Brasileiro de Transplantes, a ABTO
ressalta a queda acentuada dos procedimentos renais. “Com exceção dos estados
da região Norte, que praticamente suspenderam os transplantes, os estados mais
afetados foram Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará. Analisando por região,
apenas a Centro-Oeste apresentou pequeno aumento (2,2%) e houve queda
importante na Norte (74,4%) e Nordeste (46,1%) e menor na Sul (3,1%) e Sudeste
(17,2%)”, detalha.
Os registros da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) mostram
que nos primeiros seis meses deste ano foram feitos 396 transplantes no Estado,
ante 762 no igual período do ano passado, com leve diferença da contabilização
feita pela ABTO. Em nota, a Sesa relacionou a queda às restrições de captação
de órgãos durante a pandemia.
“Por se tratar de uma doença infecciosa, as recomendações do
Ministério da Saúde, conforme nota técnica, foram a suspensão da busca ativa e
da captação para doação de tecidos em doador falecido por parada
cardiorrespiratória e a realização de transplantes somente em situações de
urgência, após investigação laboratorial confirmatória para SARS-CoV-2.”
Desde o início da pandemia, os casos de transplantes são
analisados para dimensionar os riscos, como relata Eliana Barbosa, coordenadora
da Central de Transplantes do Ceará. "Em abril e maio, que pra gente foram
os meses com maior impacto por causa da Covid, não realizamos transplantes de
coração, de pulmão e nem o transplante renal, mas mesmo nesses dois meses mais
críticos, a gente realizou transplantes de figado e de córnea", pondera.
Eliana destaca que o Ceará foi o primeiro estado a examinar
os doadores para o novo coronavírus como forma de garantir a segurança dos
procedimentos.
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