segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Cearense faz doação contínua de sangue há 11 anos após perda de familiar


No Dia Nacional do Doador de Sangue, profissional da saúde reforça a necessidade de fidelizar os doadores de sangue.
Por G1 CE


Passar cerca de 40 minutos doando uma substância que pode salvar até quatro vidas. Nos últimos 11 anos, é essa a rotina da cearense Solange Melo, 37 anos, moradora de Fortaleza. Ela doa sangue rigorosamente duas vezes ao ano e, conta que a decisão foi motivada pela morte do pai, em 2006. Ele teve câncer e devido a três cirurgias passou um tempo carecendo de bolsas de sangue.

A solidariedade de desconhecidos para com seu pai a inspirou. Solange, ao doar regularmente, atende ao perfil desejado pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) que abastece 450 unidades como hospitais, UPAs, policlínicas e clínicas de hemodiálise, nos 184 municípios do estado.


Moradora do Bairro Siqueira, Solange tem deficiência auditiva e usa um implante coclear. De acordo com ela, desde criança "sentia-se meio inútil porque era considerada especial". Hoje, conseguir ajudar desconhecidos através da doação, conta ela "é sentir-se útil", pois "no silêncio do meu mundo consigo fazer coisas boas".

A ação de doar ocorre desde 2008. O procedimento teve início dois anos após o pai de Solange falecer. “Ele ficou doente em 2002. Um câncer de estômago que já estava bem avançado. Durante todo esse período, passou por três cirurgias e todas as vezes precisou de doação de sangue. Foi colostomizado e, muitas vezes, ele precisava voltar ao hospital”, relata.


Solange, que trabalha como guarda municipal, tem o tipo sanguíneo O-, considerado o doador universal. “Quando meu pai adoeceu, vi que é muito importante doar. Não me importa quem é aquela pessoa que vai receber ou o que ela faz se eu posso ajudar essa pessoa a renovar a vida”, acrescenta.

Doação de plaquetas

Em 2019, ela incrementou ação solidária e passou a doar também plaquetas (fragmentos de células produzidas na medula óssea fundamentais para o processo de coagulação sanguínea). “Nas doações de sangue, soube que tem muitas crianças quando tem um quadro de leucemia precisa de plaquetas. Aí decidi também iniciar a doação de plaquetas. Doei pela primeira vez em abril”.

Para quem tem medo do procedimento, Solange explica, “é tranquilo e passa rápido”. A diferença entre um tipo de doação e outra, conta ela, é basicamente o tempo da doação. Quando o sangue é doado, diz, são cerca de 40 minutos. No caso das plaquetas, varia entre 1h30min e 1h40min. Na doação de plaquetas, explica ela, é necessário também ficar atento às orientações indicadas em uma máquina que avisa o momento de movimentar o braço.

No Dia Nacional do Doador de Sangue, lembrado nesta segunda-feira (25), a assistente social do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Alessandra Moraes, explica que apesar de as doações estarem dentro do esperado no Ceará, a captação de novos doadores é um trabalho constante. Em 2017 e 2018, o Hemoce recebeu, em média, 100 mil doações por ano.

A principal estratégia, afirma ela, é o aspecto educacional. “A gente tenta de toda a forma incutir na população sobre a importância de doar de uma forma voluntária. A questão da solidariedade, da ajuda ao próximo, de saber que o sangue é um componente que não tem como chegar na farmácia e comprar. A gente depende totalmente daquele doador para que outras pessoas possam sobreviver”.

Procedimentos
Para ser um doador de sangue, é preciso estar saudável, bem alimentado, pesar mais de 50kg, ter entre 16 e 69 anos de idade e apresentar um documento de identificação oficial e com foto. Menores de 18 anos de idade, precisam levar um termo de autorização assinado pelos pais para realizar a doação.

Após o cadastro no Hemoce, o candidato passa por uma triagem, em que são avaliadas as condições de saúde. Após a doação, são realizados exames laboratoriais para análise da amostra, além da identificação do fator RH, quando são feitas pesquisas de anticorpos irregulares. Durante a coleta, cada voluntário doa cerca de 450 ml de sangue. Antes de ser transfundido, o material passa por testes e exames sorológicos.

“Para a transfusão não basta ter no mesmo tipo sanguíneo. Simultâneo a esses resultados, a gente faz o processamento do sangue, que é dividir aquela bolsa nos componentes. Ela vai ser dividida em plaquetas, hemácias, plasma e a gente ainda consegue fazer o crioprecipitado, que é muito comum em pacientes hemofílicos”, explica a assistente social.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Festa de São Pedro

 Festa de São Pedro Festeja - se por vários anos A crença, a fé a esperança Ao padroeiro São Pedro Quem acredita sempre alcança  Já fazem 50...