No Dia Nacional do Doador de Sangue, profissional da saúde
reforça a necessidade de fidelizar os doadores de sangue.
Por G1 CE
Passar cerca de 40 minutos doando uma substância que pode
salvar até quatro vidas. Nos últimos 11 anos, é essa a rotina da cearense
Solange Melo, 37 anos, moradora de Fortaleza. Ela doa sangue rigorosamente duas
vezes ao ano e, conta que a decisão foi motivada pela morte do pai, em 2006.
Ele teve câncer e devido a três cirurgias passou um tempo carecendo de bolsas
de sangue.
A solidariedade de desconhecidos para com seu pai a
inspirou. Solange, ao doar regularmente, atende ao perfil desejado pelo Centro
de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) que abastece 450 unidades como
hospitais, UPAs, policlínicas e clínicas de hemodiálise, nos 184 municípios do
estado.
Moradora do Bairro Siqueira, Solange tem deficiência
auditiva e usa um implante coclear. De acordo com ela, desde criança
"sentia-se meio inútil porque era considerada especial". Hoje,
conseguir ajudar desconhecidos através da doação, conta ela "é sentir-se
útil", pois "no silêncio do meu mundo consigo fazer coisas boas".
A ação de doar ocorre desde 2008. O procedimento teve início
dois anos após o pai de Solange falecer. “Ele ficou doente em 2002. Um câncer
de estômago que já estava bem avançado. Durante todo esse período, passou por
três cirurgias e todas as vezes precisou de doação de sangue. Foi colostomizado
e, muitas vezes, ele precisava voltar ao hospital”, relata.
Solange, que trabalha como guarda municipal, tem o tipo
sanguíneo O-, considerado o doador universal. “Quando meu pai adoeceu, vi que é
muito importante doar. Não me importa quem é aquela pessoa que vai receber ou o
que ela faz se eu posso ajudar essa pessoa a renovar a vida”, acrescenta.
Doação de plaquetas
Em 2019, ela incrementou ação solidária e passou a doar
também plaquetas (fragmentos de células produzidas na medula óssea fundamentais
para o processo de coagulação sanguínea). “Nas doações de sangue, soube que tem
muitas crianças quando tem um quadro de leucemia precisa de plaquetas. Aí
decidi também iniciar a doação de plaquetas. Doei pela primeira vez em abril”.
Para quem tem medo do procedimento, Solange explica, “é
tranquilo e passa rápido”. A diferença entre um tipo de doação e outra, conta
ela, é basicamente o tempo da doação. Quando o sangue é doado, diz, são cerca
de 40 minutos. No caso das plaquetas, varia entre 1h30min e 1h40min. Na doação
de plaquetas, explica ela, é necessário também ficar atento às orientações
indicadas em uma máquina que avisa o momento de movimentar o braço.
No Dia Nacional do Doador de Sangue, lembrado nesta
segunda-feira (25), a assistente social do Centro de Hematologia e Hemoterapia
do Ceará (Hemoce), Alessandra Moraes, explica que apesar de as doações estarem
dentro do esperado no Ceará, a captação de novos doadores é um trabalho
constante. Em 2017 e 2018, o Hemoce recebeu, em média, 100 mil doações por ano.
A principal estratégia, afirma ela, é o aspecto educacional.
“A gente tenta de toda a forma incutir na população sobre a importância de doar
de uma forma voluntária. A questão da solidariedade, da ajuda ao próximo, de
saber que o sangue é um componente que não tem como chegar na farmácia e
comprar. A gente depende totalmente daquele doador para que outras pessoas
possam sobreviver”.
Procedimentos
Para ser um doador de sangue, é preciso estar saudável, bem
alimentado, pesar mais de 50kg, ter entre 16 e 69 anos de idade e apresentar um
documento de identificação oficial e com foto. Menores de 18 anos de idade,
precisam levar um termo de autorização assinado pelos pais para realizar a
doação.
Após o cadastro no Hemoce, o candidato passa por uma
triagem, em que são avaliadas as condições de saúde. Após a doação, são
realizados exames laboratoriais para análise da amostra, além da identificação
do fator RH, quando são feitas pesquisas de anticorpos irregulares. Durante a
coleta, cada voluntário doa cerca de 450 ml de sangue. Antes de ser
transfundido, o material passa por testes e exames sorológicos.
“Para a transfusão não basta ter no mesmo tipo sanguíneo.
Simultâneo a esses resultados, a gente faz o processamento do sangue, que é
dividir aquela bolsa nos componentes. Ela vai ser dividida em plaquetas,
hemácias, plasma e a gente ainda consegue fazer o crioprecipitado, que é muito
comum em pacientes hemofílicos”, explica a assistente social.
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