Por G1 CE
Em 2018, ao mesmo tempo que o Ceará registrou 2.306 casos de
sífilis congênita em gestantes, também teve o maior acumulado de diagnósticos
em nove anos. Com este número, a taxa de detecção em mulheres grávidas foi de
17,6 por 1.000 nascidos vivos, enquanto no ano de 2010 a média era de 3,9. Os
dados constam no boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Ainda no ano passado, 84,7% das mães de crianças com sífilis
congênita fizeram pré-natal, 13,4% não fizeram e 1,95% apresentaram a
informação ignorada. Cerca de 60,2% tiveram diagnóstico de sífilis durante o
pré-natal, 34,1% no momento do parto/curetagem, 3,0 % após o parto e 0,5% não
tiveram diagnóstico, além de 2,2% estarem notificados como “ignorados”.
“Quando cada gestante inicia pré-natal, a gente faz o teste
rápido de sífilis. Se der negativo, ela repete o exame com 28 semanas, e depois
no parto. Se der positivo, a gente solicita o teste complementar e já inicia o
tratamento”, detalha a obstetra da Maternidade Escola Assis Chateaubriand
(Meac), Jordana Parente.
Durante a gestação, ela recebe três doses de penicilina
benzatina — o benzetacil — uma, por semana. Depois do parto, o teste deve
continuar sendo feito a cada três meses. Segundo a médica neonatologista da
Meac, Zilma Macedo, o tratamento da mãe previne a passagem da bactéria para a
criança.
“Se a mãe foi tratada, a criança é considerada exposta, mas
não é notificada e não precisa de tratamento. Porém, se a criança nasce com
sintomas ou indicadores maiores que o da mãe, nos exames, a gente trata”,
pontua Zilma.
Mulheres fora da situação de gravidez e homens devem buscar
tratamento nas unidades básicas de saúde, caso sejam diagnosticados. Após o
tratamento com penicilina, o paciente continua sendo acompanhado para verificar
o controle da doença.
Tipo
Já a sífilis adquirida, cuja transmissão acontece por
relações sexuais, também vem afetando cada vez mais cearenses. Em nove anos, o
Estado anotou 10.794 casos. Cinco anos atrás, a taxa era de 7,6 casos por 100
mil habitantes. Em 2016, os registros subiram para 15,9 casos a cada 100 mil
habitantes. Até setembro deste ano, o Ceará registrou uma taxa de 30,8, porém,
espera-se que novos casos sejam contabilizados até o fim de 2019.
“A taxa pode tanto aumentar como superar a do ano passado,
também. A gente não tem como dizer porque as notificações chegam com um certo
atraso. Não acredito que supere, mas deve aumentar até o final do ano, com
certeza”. Ela explica que o Ceará acompanha uma tendência nacional de aumento
do número de casos da doença, que chegou a ser reconhecida como epidemia pelo
Ministério da Saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário