Estudantes e professores
elaboraram propostas inéditas de baixo custo para melhorar qualidade de vida da
população e reduzir impactos ambientais.
Por Nícolas Paulino, G1 CE
Dois projetos de escolas
estaduais em Cascavel, na Região Metropolitana de Fortaleza, venceram a 6ª
edição do prêmio “Respostas para o Amanhã”, que agracia iniciativas de
experimentação científica ou tecnológica desenvolvidas por estudantes do Ensino
Médio.
O grande vencedor foi um
biofilme curativo criado a partir da farinha de folhas de goiabeira,
desenvolvido por uma turma de 3º ano da Escola de Ensino Médio em Tempo
Integral (EEMTI) Marconi Coelho Reis. Os testes indicaram cicatrização mais
rápida em queimaduras de primeiro grau, “quando em contato com a pele por uma
semana”, devido ao potencial antimicrobiano da planta.
Por também ser biodegradável,
a decomposição do material acontece sem impactos negativos ao meio ambiente.
“Foi surpresa porque foi a primeira vez que a gente concorreu, e nossa escola
acabou de fazer três anos”, comemora a diretora, Iara Valente. Cinco estudantes
da equipe e a professora orientadora representarão o projeto na etapa América
Latina, em São Paulo.
“Na escola de tempo integral,
um dos princípios é a pesquisa científica. Isso veio ao encontro da nossa
proposta de trabalho, que é desenvolver a iniciação científica no Ensino Médio.
Você leva o aluno a produzir projetos de resolução e de grande relevância
social”, destaca Valente.
Plantio facilitado
Outra escola, a Ronaldo
Caminha Barbosa, teve como destaque o projeto “Agri+”, de combate à escassez de
água e de melhoria agrícola em solos semiáridos e salinos. Segundo a
orientadora do projeto, Joseline Maria, a ideia surgiu por duas constatações:
que os cultivos em Cascavel não desenvolvem com facilidade e que muitos
resíduos agroindustriais jogados em feiras ou engenhos não eram utilizados.
“Com o descarte de cascas de
manga, de abacate e bagaço de cana de açúcar, nós elaboramos nosso material.
Fizemos vários testes até chegar ao nosso polímero biodegradável, que é uma
espécie de adubo. Depois que validamos, passamos para a comunidade”, explica a
estudante Fabiana Ramos, de 18 anos, integrante da equipe de 15 pessoas do
Agri+ e que que planeja cursar Enfermagem ou Ciências Biológicas.
A mistura do projeto consegue
reter água no solo e funcionou num cultivo de cebolinha. “A minha vontade vem a
partir dos alunos. Nossa escola tem uma delegação científica que se reúne com
um líder, uma vez na semana. A gente vai orientando e eles mesmos fazem. Eles
têm essa visão ampla, essa compreensão”, orgulha-se a professora Joseline.
Incentivo
Este foi o terceiro ano
consecutivo em que a instituição ficou entre as Vencedoras Nacionais do Prêmio.
Em 2017, o projeto “SOS Casa” foi campeão nacional e, em 2018, a escola atingiu
o mesmo posto com o projeto “Reflexologia Experimental”.
A diretora da unidade, Amélia
Sampaio, atribui os resultados tanto ao trabalho em equipe quanto ao incentivo
do Núcleo de Trabalho, Pesquisa e Práticas Sociais (NTPPS), no qual os
estudantes desenvolvem pesquisas desde o 1º ano. “Hoje, temos essa tecnologia e
ela coloca para os outros Estados o que o Ceará faz diferente na rede pública
estadual”, pondera.
A Secretaria Estadual da
Educação (Seduc) informa que o Núcleo propõe uma reorganização curricular do
Ensino Médio através do trabalho transdisciplinar. De 2012 a 2018, quase 1.300
profissionais, entre professores e coordenadores, foram formados na prática. No
ano passado, 190 escolas estaduais desenvolviam a proposta - 111 de tempo
integral e 79 de tempo parcial.
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