Principal suspeita é que animais tenham sido contaminados
pelo produto químico espalhado ao mar.
Por Lucas Falconery e Sabrina Souza
O número de tartarugas encontradas mortas no litoral do
Ceará já chega a 23, desde o início do aparecimento de manchas de óleo no mar
do Nordeste até esta terça-feira (15). Balanço divulgado pelo Instituto
Verdeluz contabiliza 21 animais. Porém, somente no último fim de semana, o G1
apurou que pelo menos mais duas tartarugas foram avistadas sem vida nas praias
do Estado, o que elevaria a contagem. Apesar de não haver confirmação da causa
das mortes, a principal suspeita é a de contaminação pelas manchas de óleo que
incidiram no litoral nordestino desde o mês passado.
Um dos animais foi achado na praia de Beberibe, no litoral
leste do Estado. Outro, já em estado de decomposição, foi avistado na praia da
Taíba, no litoral oeste. Nesta segunda-feira (14), na praia do Porto das Dunas,
em Fortaleza, mais uma tartaruga adulta, de grande porte, apresentando manchas
de óleo na região do pescoço, foi localizada sem vida.
Manchas de óleo no Nordeste: o que se sabe sobre o problema
Veja a lista de praias atingidas pelas manchas de óleo no
Nordeste
A orientação para quem encontrar alguma tartaruga morta,
segundo o Verdeluz, é medir o comprimento e a largura do casco, pegar as
coordenadas do local e tirar fotos da ocorrência, repassando todo o material à
ONG. Em caso de encalhe de animal vivo, é preciso, primeiramente, contactar o
Instituto Verdeluz, pois o manejo de tartarugas marinhas só deve ser realizado
por meio de uma licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama).
"Enquanto espera a chegada da equipe, em caso de
encalhe vivo, isolar a área, oferecer sombra, manter o animal na areia com
tecidos úmidos sobre o casco", disse o Verdeluz em nota. Outra orientação
é nunca manter o animal virado com o ventre para cima.
De acordo com o boletim divulgado no domingo (13), pelo
Ibama, 10 pontos do litoral cearense foram afetados pelo petróleo cru. Ainda no
relatório, foram registrados três animais mortos (duas tartarugas e uma ave).
Os vestígios de óleo preocupam agora o nascimento de novos animais, que deve
começar a acontecer nos últimos meses deste ano.
Entre os meses de outubro e março acontece a desova das
tartarugas marinhas nas areias da Praia do Futuro e da Praia da Sabiaguaba, em
Fortaleza, motivo de alerta para ambientalistas que monitoram o litoral. Com o
aparecimento de manchas de óleo, os voluntários temem que o petróleo cru
atrapalhe a chegada dos animais ao mar - evento que deve ter início por volta
do mês de novembro.
Depois de depositar os ovos na areia, são necessários de 45
a 60 dias para que as tartarugas comecem o processo de eclosão, como explica
Adla Farah, 27, estudante de medicina veterinária e voluntária do Instituto
Verdeluz. “Nessa época mais quente, as tartarugas retornam à praia onde nasceram
para depositar seus ovos. Cada uma pode fazer entre duas a nove desovas por
período. E em média, depositam 120 ovos, por desova, dependendo da espécie”,
explica.
Farah conta que toda semana o grupo visita a Sabiaguaba nas
primeiras horas do dia para identificar os locais em que as tartarugas fazem os
ninhos. “Ainda tem muita gente que rouba ovos e animais que comem, então a
gente tem de ficar olhando”, acrescenta. Dessa forma, os voluntários acompanham
o processo de incubação de cerca de 20 ninhos por temporada reprodutiva.
“Quando elas nascem são muito pequenas e já tem muitos
predadores. Esse petróleo é tóxico e está na faixa de areia todinha. Elas já
tem muitos obstáculos e podem acabar ficando com o petróleo nelas.”
Cinco tartarugas e um golfinho foram encontrados cheios de
óleo no litoral do Nordeste
Conforme informou a Prefeitura de Fortaleza, por nota, nas
últimas visitas na Praia da Sabiaguaba foi observado que o local está sob
controle quanto aos resíduos de óleo que foram encontrados. O órgão disse ainda
que realiza o monitoramento do local para verificar se mais resíduos chegaram à
orla e fazer as retiradas necessárias.
Já sobre os animais que são encontrados sem vida, o informe
esclarece que eles são encaminhados ao Instituto Verde Luz e Universidade
Federal e que os encontrados vivos, e com manchas de óleo, para a ONG Aquasis.
Fora a ação emergencial, está sendo realizado trabalho de limpeza diariamente
na faixa de areia da Capital.
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