Coordenador de comitê com estudo sobre a violência afirma que período de quarentena agravou a exclusão social e a violência que crianças de periferia sofrem no estado.
Por G1 CE
Número de assassinato de crianças em 2020 é o maior em dez
anos
Atingidas por balas e feridas por arma branca. No Ceará,
esse ano, 14 crianças que sequer tinham chegado aos 6 anos de idade e foram
assassinadas. Elas foram vítimas precoces da violência em 2020, ano no qual
mais crianças nessa faixa etária foram assassinadas desde 2010. Os dados são de
um levantamento do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na
Adolescência, da Assembleia Legislativa do Ceará.
Dentre as vítimas, duas tinham apenas 5 anos. Em três
situações, as crianças sequer tinha 12 meses de vida.
Das 14 vítimas, nove foram atingidas por disparo de arma de
fogo. Uma menina de 5 anos foi agredida com arma branca. Duas outras meninas e
dois meninos foram mortos com uso de outros meios não informados, segundo
aponta o levantamento que considera os registros da Secretaria da Segurança.
Fonte: Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na
Adolescência
Além de Fortaleza, os homicídios aconteceram em oito cidades
diferentes. Seis crianças foram mortas em Fortaleza, as outras em Beberibe,
Caucaia, Granja, Guaiúba, Itarema, Maracanaú, Russas e Tauá.
O coordenador da equipe técnica do Comitê de Prevenção e
Combate à Violência, Thiago de Holanda, reforça que é com tristeza e indignação
que o Comitê lança esses dados.
"Isso mostra que essas crianças estão vivendo em
situação de vulnerabilidade, nessas comunidades, e mostra que essa
vulnerabilidade pode ter se agravado neste período de isolamento, onde as
crianças não estão indo para a escola e escola é um lugar de proteção. Estão
mais expostas ao domínio de grupos armados nos territórios, confronto com a
polícia. Tanto crianças, como mulheres e idosos."
Armas de fogo e exclusão social
No estudo, o Comitê aponta que as mortes são consequências
extremas de um conjunto de fatores, dentre eles: "a grande circulação de
armas de fogo, sobretudo em áreas urbanas marcadas pela extrema pobreza e
exclusão social, uma realidade que tem se expandido para cidades de médio e
pequeno porte e também chegado às zonas rurais".
Por conta do domínio dos territórios por grupos armados, diz
o documento. A levantamento evidencia ainda que "crianças vivem um
cotidiano de medo, terror e morte, que se aprofunda com a presença ostensiva, e
muitas vezes truculenta, das forças policiais".
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