Russas. A história da indústria de cerâmica vermelha na
região do Baixo Jaguaribe deve ganhar um novo capítulo ainda neste mês de
novembro. Isso porque será assinado o Pacto da Produção Sustentável, entre os
empresários ceramistas da região, Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Sema)
e Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).
Processo
Essa ação faz parte do projeto "Implementação da
Eficiência Energética para as Indústrias Cerâmicas do Baixo Jaguaribe",
que é uma parceria do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com o financiamento da
Caixa Econômica Federal (CEF), e a execução da Sema, por meio da Coordenadoria
de Desenvolvimento Sustentável (Codes), Semace e também do Instituto Euvaldo
Lodi (IEL).
Desde 2013 o projeto vem sendo executado na região,
atendendo os municípios de Alto Santo, Aracati, Jaguaruana, Limoeiro do Norte,
Quixeré, Russas e Tabuleiro do Norte. Ao todo, 120 empresários do setor
receberam capacitação e treinamento, com o objetivo de que eles desenvolvam e
implantem em suas fábricas um modelo sustentável de atuação no âmbito da
eficiência energética, promovendo a utilização racional dos recursos naturais
necessários para operacionalização dessas fábricas, com implementação de
práticas ambientalmente corretas, visando harmonizar a atividade com o meio
ambiente.
Desafios
Um dos grandes desafios para o setor é o melhor uso de
materiais alternativos para a queima nos fornos, como poda a de cajueiro,
madeira de construção e outros materiais para combustão. Durante o projeto,
eles aprenderam de que forma podem usar melhor esses materiais, podendo chegar
a economizar 30% do seu uso. O ganho ambiental do uso eficiente é a redução nas
emissões de gases que causam o efeito estuda.
Para o empresário ceramista de Russas, Célio Gomes, o
aprendizado, durante os três anos de execução do projeto, lançou um novo olhar
para o setor. "Quem realmente participou e quis aprender, absorveu muita
coisa para melhorar os processos, tanto na fabricação, secagem e queima",
conta.
O titular da Sema, Artur Bruno, destacou a importância do
projeto para o setor, com o objetivo de tornar essas indústrias
autossuficientes. Além disso, ele destacou uma segunda ação integrante do
projeto, que é o desenvolvimento de práticas de manejo florestal sustentável,
também no Baixo Jaguaribe. Nesta ação, os agricultores de 17 assentamentos da
região obterão as condições de produzir e fornecer a lenha de forma sustentável
e legalizada para as empresas ceramistas. As capacitações, de acordo com ele,
deverão iniciar em janeiro do ano que vem.
Menos emissões
"Com essas ações, vamos ter um projeto de diminuição de
lenha junto às cerâmicas com melhor eficiência energética, um projeto de
reflorestamento nesses assentamentos e, dessa forma, estamos contribuindo para
que o Estado do Ceará possa dar a sua parcela de contribuição na diminuição dos
gases de efeito estufa, já que o País tem o compromisso internacional para
2030, com redução de 43%", ressaltou. A Associação dos Fabricantes de
Telhas do Vale do Jaguaribe (Asterussas) e o Sindicato das Indústrias de
Cerâmica do Ceará (Sindcerâmica) foram apoiadores do projeto.
Retorno
Para o presidente do Sindcerâmica, Marcelo Tavares, apesar
de o setor estar enfrentando uma crise, em decorrência do momento ruim pelo que
passa a construção civil, esse projeto trará retorno futuros. "Os
empresários vão se aperfeiçoando, vão vendo novas formas de produzir, com menos
custos, de forma mais harmoniosa com o meio ambiente", destacou.
por Ellen Freitas - Colaboradora
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