O Ceará recebeu menos de 50% da demanda total da vacina
antirrábica humana (VARH) solicitada ao Ministério da Saúde (MS), de janeiro a
outubro deste ano. O desabastecimento resultou na falta da medicação ou em
quantidade reduzida nos municípios cearenses, como é o caso de Fortaleza,
colocando a saúde pública em risco iminente. A doença infecciosa ganhou
evidência neste mês com a confirmação de um caso de raiva humana em Iracema,
após quatro anos sem registro de pacientes infectados no Estado.
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) explica que pede, em
média, 15 mil doses da vacina por mês para suprir a demanda, conforme critério
de incidência de agressões por animais. De janeiro a outubro de 2016, foram
solicitadas 150 mil ao Ministério da Saúde, que enviou 72,8 mil. A quantidade
representa um abastecimento de 48,5% do total requisitado pelo Estado. Segundo
a pasta, a quantidade recebida a cada mês é insuficiente diante da média mensal
de 2,5 mil agressões de animais a humanos e dos esquemas vacinais de duas, três
e cinco doses por paciente, quando há indicação médica.
A supervisora de imunizações do Estado, Ana Vilma Leite,
afirma que o problema de desabastecimento é enfrentado em todo o Brasil, desde
2013. A expectativa da Sesa é que em novembro a situação seja amenizada com o
envio de uma remessa maior do que outubro, quando o Estado recebeu apenas 1.350
vacinas. Em um primeiro momento, foram enviadas 800. Após o caso de raiva
humana registrado no Estado, o Ministério da Saúde mandou mais 500.
"Durante esses anos, recebemos em quantidade reduzida,
mas isso é um problema nacional. Hoje estou mais tranquila, porque já ligamos
para o Ministério da Saúde e tivemos a informação de que vamos receber uma
quantidade bem significativa de 5 a 7 mil (vacinas). Nesses últimos meses
tivemos uma situação crítica, mas responsabilidade e qualidade no
atendimento", disse ela.
Também utilizado no combate contra a raiva, o soro
antirrábico tem "quantitativo satisfatório" para atender a demanda do
Estado, conforme a supervisora de imunização da Sesa. Entretanto, nos casos
mais graves, o paciente precisará tomar a vacina antirrábica. De acordo com Ana
Vilma, quando um município não possui a VARH, ele solicita a uma das regionais
da saúde (Fortaleza, Sobral, Cariri, Litoral Leste e Sertão Central) que tem a
medicação ou a outro Estado.
Procurado pelo O POVO Online, o Ministério da Saúde comentou
o assunto por meio de nota e informou que a VARH está sendo distribuída aos
estados brasileiros. "De janeiro a outubro deste ano, foram enviadas para
todo o país 1,1 milhão de doses, sendo 72,8 mil para o estado do Ceará. Durante
todo o ano de 2015, foram distribuídas aos estados 1,4 milhão de doses dessa
vacina, sendo 102,6 mil para o Ceará", comunicou em nota.
Conforme ao MS, as vacinas são enviadas após inserção das
demandas pelos estados no Sistema de Informações de Insumos Estratégicos.
"Os estados são responsáveis pela entrega aos municípios, de acordo com as
necessidades e programações locais podendo, inclusive, fazer o remanejamento de
vacinas a outras cidades da mesma região, caso haja necessidade",
completou.
Casos
A raiva é uma doença infecciosa aguda causada por um vírus
que acomete mamíferos, inclusive o homem, e é transmitida principalmente por
meio da mordida de animais infectados. Atualmente, o Brasil encontra-se próximo
à eliminação da doença causada por vírus canino. Em 2015, foram registrados
dois casos de raiva em humanos em todo o país, um no estado do Mato Grosso do
Sul e outro na Paraíba. Neste ano, houve um caso registrado do estado de
Roraima e outro no Ceará.
Como evitar a raiva humana
A Secretaria da Saúde recomenda uma série de cuidados para
evitar a raiva humana. Confira abaixo:
vacine cães e gatos contra a raiva anualmente;
não deixe os animais (cães e gatos) soltos nas ruas;
ao sair com seus animais, faça uso de guias, coleiras ou
outros meios de contenção;
nunca provoque cães e gatos ou se aproxime para tocá-los sem
permissão do dono;
não toque nos animais quando eles estiverem se alimentando,
dormindo ou feridos;
não se aproxime, capture, toque ou alimente animais
silvestres; evite contatos com morcegos;
em caso de agressão, lavar o ferimento imediatamente com
água e sabão;
procurar imediatamente o posto de saúde mais próximo para
avaliação médica;
se a agressão foi por cão ou gato, não matar o animal,
manter ele preso em local seguro, oferecer água e alimento e de acordo com a
orientação médica, observar por dez dias, contando com o dia da agressão;
se seu animal cão ou gato, apresentar alteração de
comportamento, comunique ao agente de controle de endemias ou ao agente
comunitário de saúde;
caso o animal (cão ou gato) desaparecer, adoecer ou morrer,
procurar novamente a unidade de saúde para uma nova avaliação médica; caso o
animal agressor venha a óbito, não o jogue fora, pois é importante fazer o
diagnóstico laboratorial para saber se está contaminado com o vírus;
se encontrar morcegos caídos no chão, mortos ou vivos,
comunicar ao setor de zoonoses da secretaria da saúde do seu município.
LUCAS MOTA
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