Menino luta há quatro anos contra osteossarcoma, doença que
afeta os ossos.
Por Matheus Facundo e Lucas Falconery
Juan Yure Chagas, 10, luta há quatro anos contra câncer, e
encontrou no surfe uma forma de superar a doença — Foto: Camila Lima/Sistema
Verdes Mares
Receber o diagnóstico de câncer não é fácil. E gera um
impacto ainda maior quando o paciente é uma criança. Esta realidade foi
conhecida cedo por Juan Yure Chagas, de apenas 10 anos de idade, mas que há
quatro anos está em tratamento contra osteossarcoma, tipo de câncer que afeta
os ossos. Ele, porém, encontrou no surfe uma forma de superar a doença. O
menino cearense faz parte do grupo formado por 2.462 crianças e adolescentes
atendidas no Hospital Peter Pan, em parceria com o Hospital Infantil Albert
Sabin (Hias), contra o câncer infantil, em Fortaleza.
No tratamento, Juan recebeu quimioterapia por dois anos e
precisou amputar a perna direita. Por meio de um projeto social próximo de
casa, na comunidade do Titanzinho, no Cais do Porto, capital cearense, ele
passou a desenvolver um novo olhar sobre a vida. “Me sinto livre e muito bem. É
muito bom saber que pessoas como eu sabem surfar, é incrível estar superando os
limites”, declara sobre a atividade. Agora, uma vez por semana, ele faz aulas
de surfe.
Foi em um acidente doméstico enquanto estava brincando que
Juan machucou a perna e, ao realizar os exames posteriores, foi detectado o
câncer, em novembro de 2014. “Foi um momento terrível, acabou com a gente no
primeiro momento. Dois anos de muita dor e aflição, mas que tivemos apoio de
amigos e do Hospital Peter Pan”, lembra Jenniffer Gomes Carneiro, mãe do
menino.
Após receber alta médica, Juan passou a ser acompanhado a
cada seis meses no Centro Pediátrico do Câncer e, então, a família teve a
iniciativa de levá-lo à prática esportiva. “A gente conheceu o 'Projeto A Maré
Vida', que é justamente para deficientes, e estamos lá”. Sobre os benefícios do
esporte, Jenniffer percebe a alegria do filho. “Ajudou muito, ele gosta e diz
que no mar se sente livre para fazer o que quiser e não sente que tem só um
perna”, destaca.
Agora, Juan começa a guardar as primeiras medalhas dos
campeonatos de surfe que participa. Nos sonhos, o desejo de ser surfista
profissional. Ele não tem dificuldades para praticar o esporte nas pranchas
comuns, mas precisa ter cuidados para não danificar a sua prótese. “O surfe é
meu maior amor e os meus sonhos são muito altos. Conseguir juntar toda minha
família, viver bem e poder todo dia ir para a praia brincar”, conclui.
Desafio familiar
Designer de sobrancelhas, a mulher precisou deixar o
trabalho durante o tratamento de Juan para auxiliar seu esposo nos cuidados com
o filho. “Tinha sido escolhida por uma empresa grande, ia ser bom para mim. Ia
dar um futuro melhor para o meu filho e, logo na primeira semana, aconteceu
isso”, conta.
Em meio à aflição com Juan, Jenniffer descobriu estar
grávida e resolveu realizar em casa a atividade de estética para conseguir
custear os gastos da família. “Montei meu próprio estúdio de sobrancelha em
casa para a gente poder realizar o sonho de ter um carro”. Sobre a coragem para
enfrentar os desafios, ela diz ter sido contaminada pela positividade do filho.
“O próprio Juan nos deu força, sempre foi alegre e tinha fé”, aponta.
Campanha
Setembro ganhou o laço dourado para reforçar a importância
do diagnóstico precoce do câncer infantil em meio às campanhas que alertam para
os cuidados com a vida. “Na infância, os tipos de câncer que predominam são a
leucemia e os tumores do sistema central”, explica Sandra Emília Prazeres,
médica oncologista e gerente técnica da Associação Peter Pan.
Conforme a especialista, não há uma causa clara para o
surgimento de câncer em crianças, mesmo com diversos estudos científicos na
área. “Acredita-se que estejam ligados às questões genéticas, mas não se pode
afirmar concretamente”, ressalta. Ainda assim, ela comenta que o tratamento
feito no estágio inicial da doença aumenta as chances de cura.
Sobre o diagnóstico, Sandra destaca que é preciso estar
atento aos sintomas que podem ser confundidos com doenças comuns da infância.
Febre persistente, sem identificação da causa, e dores de cabeça que não
passam, são exemplos ditos pela médica. “Não é um sinal isolado, uma criança
que está com um quadro desse fica mais quieta sonolenta e perdendo peso”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário