Já foram quatro chacinas neste ano no Ceará. Entre elas, a
maior já registrada no estado com 14 mortos.
Por G1 CE
Três suspeitos morrem após ataque à Secretaria de Justiça do
Ceará
O Ceará já ultrapassou mil assassinatos em 2018. O número é
quase 40% maior que o registrado no ano de 2017. Já foram quatro chacinas neste
ano no Ceará. Entre elas, a maior já registrada no estado com 14 mortos numa
casa de forró.
Eles estão entre os mais de mil (1.068) que foram
assassinados nos primeiros 74 dias do ano. (1º janeiro a 15 março). A
quantidade de vítimas é quase 40% maior que no mesmo período do ano passado,
quando o estado registrou o maior crescimento do país nos casos de mortes
violentas.
Neste sábado, o alvo dos bandidos foi a sede da Secretaria
de Justiça do Estado, responsável pelo sistema penitenciário do Ceará. Segundo
testemunhas foram pelo menos cinco minutos de troca de tiros com policiais
militares que faziam uma segurança reforçada na área.
Hoje as mensagens de paz ocupam a praça onde teve início a
chacina que deixou sete mortos neste mês em Fortaleza. O operador de caixa,
Carlos Vitor, foi uma das vítimas baleadas apenas porque andava na rua com uma
camisa do time do coração. “Quando cai a ficha que a gente vê, a gente não
consegue acreditar. Ainda mais dessa forma que a gente nunca esperava”, afirma
um morador que prefere não se identificar.
Veja o comparativo das mortes mês a mês no Ceará
Análise: Governos frágeis fortalecem tiranias ligadas ao
crime
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As chacinas, como a que aconteceu no Ceará, ganharam
repercussão e a promessa do governo de empenho para esclarecimento do crime.
Mas, este ano, no estado, são, em média, 14 mortes por dia e a maioria dos
casos fica sem solução. “Aqui e acolá descobre um caso, dois, três. e os mil
que tá por fora ? Nesses mil meu neto tá no meio também”, diz um morador que
prefere não se identificar.
O neto de um homem foi baleado na saída de um show em
Fortaleza. Tinha 18 anos, estudava e fazia curso de design gráfico. Agora a
família toda tem medo dos criminosos que continuam à solta.
“Não existe proteção. É muita gente pra proteger. E quem vai
proteger?”, pergunta.
Criminosos atiram em
festa em Fortaleza. Local foi fechado pela polícia. Catorze morreram no Forró
do Gago em Cajazeiras. (Foto: Gioras Xerez)
Criminosos atiram em festa em Fortaleza. Local foi fechado pela polícia.
Catorze morreram no Forró do Gago em Cajazeiras. (Foto: Gioras Xerez)
Criminosos atiram em festa em Fortaleza. Local foi fechado
pela polícia. Catorze morreram no Forró do Gago em Cajazeiras. (Foto: Gioras
Xerez)
Centro de Inteligência
Neste mês de março foi anunciada a instalação de um Centro
de Inteligência, no Ceará, para investigar ações do crime organizado. Mas, para
este pesquisador da violência, o alvo também deve ser o crime rotineiro que
gera a maioria dos homicídios.
“São acertos de conta, são crimes relacionados ao varejo da
droga, há rixas. São centenas de milhares de crimes que não são investigados,
que não são tratados pelo poder judiciário e isso passa a ideia de que eu posso
matar e, de certa maneira, ficar impune”, explica o pesquisador do Laboratório
de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Paiva.
É como está o assassinato do filho desta mulher, executado
por engano no bairro onde morava ao chegar do trabalho. “A minha vida não é
mais a mesma. Eu não dependia de remédio controlado, hoje em dia eu dependo. A
dor da família é que fica. Na verdade quem se enterra é a gente”, afirma
desapontado.
Ministro da Segurança, Raul Jungmann, participa da
inauguração do Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública Regional
do Nordeste. (Foto: Valdir Almeida/G1 Ceará) Ministro da Segurança, Raul
Jungmann, participa da inauguração do Centro Integrado de Inteligência de
Segurança Pública Regional do Nordeste. (Foto: Valdir Almeida/G1 Ceará)
Ministro da Segurança, Raul Jungmann, participa da
inauguração do Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública Regional
do Nordeste. (Foto: Valdir Almeida/G1 Ceará)
Crescimento de mortes violentas no país
O Ceará foi o estado brasileiro que registrou maior
crescimento nos casos de mortes violentas na comparação entre os anos de 2016 e
2017. Foram 5.134 assassinatos no ano passado, contra 3.457 em 2016. O
levantamento realizado pelo G1 faz parte de mais uma etapa do Monitor da
Violência. O índice abrange casos de homicídios dolosos, latrocínio e lesão
corporal seguida de morte, que são classificados como Crimes Violentos Letais e
Intencionais (CVLIs).
No total, o Brasil teve no ano passado 59.103 vítimas
assassinadas durante o ano passado. O número representa uma morte a cada 9
minutos, em média.
O levantamento mostrou o Ceará como o estado que teve o
maior crescimento de mortes tanto em número absoluto (1.677 mortes a mais em um
ano) como percentualmente (48,5%). Foram 5.005 homicídios dolosos, 88
latrocínios e 41 lesões corporais seguidas de morte. A média é de 14 mortes
violentas por dia.
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