Senador estava na presidência interina do PSDB desde maio,
mas foi afastado do posto por Aécio nesta quinta-feira (9). Tasso disse que
diferenças são de caráter político e ético, por exemplo.
Por G1, Brasília
Os senadores do PSDB Tasso Jereissati (esq.) e Aécio Neves
(dir.) (Foto: Wilton Júnior/Estadão Conteúdo)
Destituído do comando do PSDB, o senador Tasso Jereissati
(CE) fez duras críticas nesta quinta-feira (9) ao senador Aécio Neves (MG),
afirmando que os dois têm diferenças "muito profundas". Ele disse
ainda, sem citar nomes: "Esse PSDB desses caras não é o meu PSDB".
Ao comentar o assunto, Aécio disse estar
"preocupado" com o fato de o PSDB "sair da agenda ou da
vanguarda das grandes reformas que precisam ocorrer no Brasil para se limitar a
uma disputa interna".
Aécio estava licenciado da presidência do PSDB desde maio e,
nesse período, Tasso comandou a legenda de maneira interina.
De lá para cá, os grupos dos dois senadores se distanciaram,
principalmente porque Aécio defendeu a permanência do partido no governo do
presidente Michel Temer, e Tasso, o desembarque.
Aécio indicou para a presidência interina do PSDB o
ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, que defendeu unidade dentro da
legenda.
No dia 9 de dezembro, o PSDB fará a convenção nacional para
eleger o novo presidente para os próximos dois anos. Tasso já lançou sua
candidatura e, segundo o senador, Aécio o procurou para que deixasse a
presidência interina do partido em prol da "equidade" da disputa.
"Eu disse para ele que pedia dele uma certa sinceridade
quando viesse argumentar as razões, porque, afinal de contas, nós éramos amigos
-somos, espero, durante 30 anos- e eu sabia perfeitamente que ele não queria
isso em nome da equidade", disse Tasso.
"E pedi apenas para que ele falasse comigo com toda a
franqueza: que ele, na verdade, não queria que eu fosse candidato nem
presidente do partido, que era essa a questão, porque nós temos hoje diferenças
profundas, muito profundas", acrescentou o senador.
Indagado, então, sobre quais são essas diferenças, Tasso
respondeu:
"São conhecidas de todos vocês, são diferenças
profundas, desde comportamento político, comportamento ético, visão de governo,
fisiologismo, a questão de fisiologismo desse governo."
Aécio respondeu: "Essa decisão é absolutamente normal,
feita com absoluta serenidade, ouvindo vários setores do partido. Vamos
garantir que essa disputa se dê em alto nível, discutindo aquilo que interessa
efetivamente ao país."
Futuro do PSDB
Sobre o futuro do PSDB, Tasso Jereissati disse
"acreditar muito" no partido, acrescentando que o Brasil precisa da
legenda.
"Evidentemente, eu já disse uma frase e vou repetir:
esse PSDB desses caras não é o meu PSDB."
Questionado, então, sobre se vê envolvimento do governo na
atitude de Aécio, Tasso disse: "Eu acho que quando ele fala em 'pressão,
pressão, pressão', eu acredito que esteja isso também".
Em entrevista, Aécio declarou: "Nos meus quase 30 anos
de militância no PSDB, sempre agi pela unidade do partido. Isso é
incontestável. E sempre com enorme responsabilidade."
Crise no partido
Ao comentar a saída da presidência interina do PSDB, Tasso
foi questionado sobre o fato de "algumas pessoas" do partido
afirmarem nos bastidores que Aécio não estava pensando no coletivo do partido.
"Tenho dito, vocês sabem, que ele não está pensando no
coletivo do partido há muito tempo, desde quando ele está agarrado a essa
presidência, e sabendo que ele ficando na presidência não traria vantagem para
o partido nesse momento. E se ele estivesse pensando no coletivo do partido,
isso não estaria acontecendo hoje. Nem essa crise estaria acontecendo
hoje."
Alckmin critica saída de Tasso
Nesta quinta, a assessoria do governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), divulgou uma nota na qual disse que ele não foi
consultado sobre a saída de Tasso, acrescentando que, se tivesse sido, Alckmin
diria ser contra, porque, na avlaiação dele, o episódio "não contribui
para a união do partido".
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