Em cerimônia ontem na Câmara dos Deputados, o PMDB comemorou
50 anos de fundação
No Ceará, o anúncio do rompimento do PMDB com o governo de
Dilma Rousseff (PT) chegou até antes da reunião definitiva da sigla na última
terça-feira, 29. Na prática, porém, o partido ainda mantém cargos federais no
Estado, ressalvando que todos “estão à disposição” da presidente da República.
“Eu liguei para ela (Dilma). Disse que, mesmo sendo nomes
técnicos, ficava desconfortável o PMDB continuar nesses cargos”, afirmou o
presidente do PMDB no Ceará, o senador Eunício Oliveira. “Dilma ouviu e pediu
um pouco de paciência”, completou.
De acordo com o senador, a conversa com Dilma, por telefone,
deu-se ainda na terça-feira. Nela, o peemedebista afirma ter colocado os cargos
federais ocupados pela sigla no Estado “à disposição” da presidente.
O senador não confirma, entretanto, se o pedido de
“paciência” presidencial sugere que o Planalto deve mesmo exonerar as
indicações de Eunício. Sobre possibilidade de pedido de demissão pelos próprios
presidentes dos órgãos, o parlamentar também não respondeu.
Hoje, o PMDB detém pelo menos três grandes cargos federais
no Ceará. Indicados pela legenda, estão o presidente do Benco do Nordeste do
Brasil (BNB), Marcos Holanda, e o diretor-presidente da Companhia Docas do
Ceará, César Pinheiro.
Já o diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra
as Secas (Dnocs), Walter Gomes, foi indicação de Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), que pediu exoneração do Ministério do Turismo na última
segunda-feira, 28.
O POVO entrou em contato com os três órgãos. No BNB, “não há
qualquer sinalização de mudanças”, segundo a assessoria de imprensa do banco,
que informou ainda que Holanda estava viajando e não poderia se manifestar.
Para os servidores da enteidade, no entanto, os últimos
acontecimentos na política nacional têm causado “certa expectativa e receio”,
conforme a presidente da Associação dos Funcionários do BNB.
“Caso haja alguma mudança, a nossa preocupação é somente com
o perfil de quem ocupará o cargo, que deve ser técnico”, pondera Rita Josina
Feitosa.
Diretor-presidente da Companhia Docas, César Pinheiro
respondeu que “o cargo sempre esteve à disposição” da presidente Dilma. “Na
hora em que ele (o governo) quiser, eu entrego o cargo”, disse.
Walter Gomes, do Denocs, não quis comentar a saída do PMDB
da base do governo Dilma. Por meio de assessoria, ele destacou seu caráter
técnico para assumir o cargo. Indicado por Henrique Eduardo Alves, porém, a
possibilidade de que deixe o posto é maior.
Presidente da Associação dos Servidores do Dnocs, Roberto
Morse de Souza admite que Gomes pode deixar o comando do órgão, mas o PMDB
continuará dando as cartas no Dnocs. “Se a Dilma cair, é possível que o PMDB
fique no Governo”, projeta.
Conforme acordo após oficialização do fim da aliança com o
PT, ocupantes de cargos federais ligados ao PMDB teriam até 12 de abril para
deixar suas posições, sob o risco de sofrerem desfiliação. Eunício não
respondeu se o partido fará isso no Ceará.
SAIBA MAIS
Situação do PMDB no Governo Federal
Além dos cargos no Ceará, a sigla ainda mantém seis
ministérios. São eles: Ciência, Tecnologia e Inovação; Minas e Energia; Aviação
Civil; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Portos; e Saúde. Até
segunda-feira, 28, mantinha o Ministério do Turismo, mas seu titular, Henrique
Eduardo Alves, entregou o cargo.
Mesmo com a clara indicação do partido de que filiados
deveriam entregar postos, a maioria dos discursos tem girado em torno de
“deixar à disposição”. Além de Eunício, que afirmou isso mais de uma vez, o
deputado federal Vitor Valim (PMDB) deu a mesma resposta. Segundo ele, a demora
nos pedidos de exoneração, no entanto, pode ser explicada.
“É questão de dias, é necessário um tempo para fazer a
transferência de posto”, disse.
Letícia Alves
leticiaalves@opovo.com.br
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