Pernilongo culex (Foto: Wikimedia Commons)
Bloqueio da infecção em alguns mosquitos culex pode gerar
novo estudo (Foto: Wikimedia Commons)
O departamento de entomologia da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) em Pernambuco estuda se o zika vírus e a febre chikungunya também
podem ser transmitidos pelo mosquito culex, conhecido popularmente como
muriçoca ou pernilongo, de acordo com os regionalismos. A pesquisa coordenada
pela pesquisadora Constância Ayres, do projeto de vetores da instituição,
pretende entender a rapidez com que se propaga a epidemia. A previsão é que a
pesquisa seja concluída em três semanas.
“Esse pode ser o motivo do vírus ser replicado mais rápido.
A interação do mosquito com o vírus pode explicar o perfil epidemiológico de
transmissão da doença”, explica a pesquisadora.
Ayres conta que essa é a primeira vez que esse tipo de
questionamento é levantado. Segundo ela, a primeira epidemia do zika surgiu na
Micronésia e lá não é habitat do Aedes aegypti. Então, outras espécies estariam
atuando como vetor. “Na época analisaram o Aedes e não evidenciaram o zika. O
que acontece é que isolaram a relação do zika com o Aedes no laboratório, mas a
circulação silvestre é totalmente diferente. Ele pode não ser o principal
transmissor”.
A prioridade será o zika vírus e, posteriormente, a febre
chikungunya. “No ambiente, o culex transmite outros vírus que são próximos ao
zika. Por que ele não pode também transmitir o zika?”, indaga. A pesquisadora
acrescenta que a Fiocruz está coletando os mosquitos em campo, observando quais
estão infectados e sua abundância.
A pesquisa ainda observa o período de incubação extrínseco,
que é o tempo que o mosquito leva para ingerir, replicar e transmitir o vírus.
“Infectamos em torno de 200 mosquitos e os analisamos na hora zero, em 24
horas, três dias, sete dias e 15 dias. Observamos dez mosquitos em cada
momento. Fizemos também duas concentrações virais, uma alta e uma baixa.
Dissecamos o intestino e a glândula salivar”, exemplifica.
Ayres explica que a doença só é transmitida pela glândula.
“Acontece do mosquito ser infectado, mas bloquear essa infecção e ela ficar só
em seu intestino. Isso já pode ser fruto de outra pesquisa, pois conhecer o
bloqueio, quais são os genes que respondem e conseguem matar uma é uma área
para nova pesquisar no futuro. Isso pode ser a chave no combate lá na frente”,
salienta.
Thays Estarque
Do G1 PE
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