sábado, 7 de novembro de 2020

Após quase quatro meses, Fortaleza volta a registrar mais de mil casos da Covid-19 em uma semana

Os números foram divulgados pela plataforma IntegraSUS. Especialistas atribuem aumento a maior número de testes e ao relaxamento nas medidas de proteção sanitária.

Por G1 CE

 

Nas duas últimas semanas de outubro, Fortaleza voltou a ultrapassar a marca de mil casos confirmados da Covid-19, de acordo com dados da plataforma IntegraSUS, mantida pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), colhidos na tarde dessa sexta-feira (6). Entre março e julho, a capital passou 17 semanas registrando mais de mil casos de Covid-19 a cada semana epidemiológica. Com a desaceleração da pandemia, o período foi seguido por 14 semanas abaixo desse indicador, da metade de julho à metade de outubro.

 

Bairros Vila Velha, Presidente Kennedy, Aldeota e Messejana, em Fortaleza, concentraram as mortes por Covid-19 nos últimos 20 dias

Ceará tem aumento de casos de Covid-19 em mais áreas de saúde

Já no intervalo entre 18 e 24 de outubro, que marca a semana epidemiológica 43, a cidade registrou 1.007 diagnósticos positivos. Esse período reflete a quarta semana consecutiva de aumento em Fortaleza, verificada desde a semana epidemiológica 40, que começou em 29 de setembro. Na semana seguinte, de 25 a 31 de outubro, foram registrados 1.043 novos casos. Os montantes, porém, ainda podem mudar a partir da liberação e inclusão de novos resultados de exames.

 

Desde o início de outubro, boletins da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) alertam para uma maior circulação viral na cidade. Entre os dias 16 e 30 de outubro, a proporção de positividade das amostras RT-PCR - o teste “padrão ouro” para detecção - de residentes de Fortaleza analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen-CE) foi de 13,2%.

 

Mutações

Segundo o biomédico e virologista Mário Oliveira, o potencial de transmissão do coronavírus é “altíssimo” mesmo depois de oito meses de pandemia no Ceará pela quantidade de mutações que normalmente ele sofre. “Os coronavírus em geral são altamente mutáveis, até 20 vezes mais que o comum. Em algum momento, ele pode não ter adaptação e ficar inerte. Mas alguns ficam mais fortes, transmitem mais rápido e conseguem ultrapassar barreiras mais fácil”, explica.

 

 

Na observação do especialista, o desrespeito às medidas sanitárias, como o uso de máscara, contribui para o novo avanço da contaminação. O número também pode ser atribuído, aponta, à maior testagem realizada pelas autoridades de saúde. “Por enquanto, as instituições estão mais ligadas em fazer o diagnóstico. Consequentemente, quanto mais amostras chegam, mais você tem o aumento de casos”, relaciona.

 

A epidemiologista Caroline Gurgel, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), concorda com a análise. Ela reforça que, com a flexibilização das atividades, parte das pessoas “relaxou nos cuidados de si e dos outros”, a exemplo de festas clandestinas e praias lotadas em feriados.

 

“Antes, a gente estava testando só pacientes graves, que estavam internados. Como agora abrangeu-se mais, você vai encontrar o vírus circulando nas demais faixas etárias. Enquanto tivermos pacientes suscetíveis, independentemente da idade, teremos uma quantidade importante de casos”, ressalta Gurgel.

 

Assistência

Além dos casos, a semana epidemiológica 43 também teve aumento de mortes pela doença em relação às três semanas anteriores: foram dez, contra a média de sete das demais. Contudo, o novo cenário não representou impacto direto na letalidade da doença, que vem mantendo tendência de queda desde o pico da pandemia na cidade, em maio.

 

Na última terça-feira (3), a SMS e a Sesa, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), iniciaram a quarta fase da pesquisa de soroprevalência da Covid-19 na capital cearense. Estão sendo realizados 3.300 testes, em 112 bairros das seis regionais de Fortaleza, para estimar o percentual de pessoas que já desenvolveram anticorpos contra o Sars-Cov-2.

 

A epidemiologista Caroline Gurgel destaca ainda que não se pode falar em imunidade de rebanho porque a última pesquisa de soroprevalência da Prefeitura de Fortaleza mostrou apenas 14% dos residentes com presença de anticorpos. “Mas eles não conferem uma imunização duradoura. Há estudos mostrando que são três meses, outros falam de sete meses. Somente uma vacina muito eficaz para a gente se sentir um pouco mais seguro”, afirma.

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