quinta-feira, 13 de junho de 2019

Casos de chikungunya reduzem 99% em Fortaleza


Pesquisadores cearenses devem investigar, nos próximos três anos, tratamentos para dores crônicas decorrentes da doença e o comportamento regional do vírus.
Por Nícolas Paulino, G1 CE

De janeiro a 8 de junho deste ano, apenas 122 casos de chikungunya foram confirmados em Fortaleza. O dado representa queda de 99,8% em relação aos 54.582 casos registrados no mesmo período de 2017, quando a cidade viveu uma epidemia da doença. Em comparação ao intervalo do ano passado, são 73,7% de confirmações a menos. “Os números correspondentes a 2019 ainda podem sofrer alterações, mas indicam um cenário de baixa transmissão”, afirma o boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Os primeiros oito casos de chikungunya confirmados em residentes de Fortaleza foram registrados em 2014; no entanto, investigações mais profundas apontaram se tratar de casos importados. Já casos autóctones (adquiridos na própria localidade) foram confirmados somente em dezembro de 2015. Em seis anos, a doença foi responsável por 80.357 casos e 170 óbitos na cidade. Só em 2017, foram 61.727 casos e 144 óbitos.

Com sintomas similares a outras doenças, como a dengue e a zika, a chikungunya tem como característica mais marcante as dores intensas nas articulações. Em alguns casos, a dor pode se tornar crônica, podendo durar até três anos, segundo especialistas.

Por ser recente em território brasileiro, a enfermidade ainda gera dúvidas até entre estudiosos. Para ter subsídios do comportamento da doença no país, diversas hipóteses de pesquisa serão testadas, nos próximos três anos, por meio da Rede de Pesquisa Clínica e Aplicada em Chikungunya (Replick), que integra 25 instituições de ensino de nove Estados.

Terapia que reduz a dor
No Ceará, as pesquisas vão incorporar um tipo de acupuntura na orelha que melhora a mobilidade e a resposta à dor em 50% no acompanhamento de novos casos de chikungunya. O tratamento consiste em sessões de 15 minutos uma vez por semana, durante cinco semanas, utilizando apenas álcool, algodão, esparadrapo e sementes de mostarda (substituindo as agulhas).

“Pessoas que demoravam até 14 segundos para percorrer três metros baixaram o tempo para nove segundos, considerado o padrão normal numa população saudável”, descreve o professor Bernardo Coutinho, coordenador do Grupo de Atenção Integral e Pesquisa em Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa da Universidade Federal do Ceará (Gaipa/UFC), que desenvolveu os estudos de auriculoterapia.

Redução da chikungunya em Fortaleza

Mês/Ano         2017    2018    2019
Janeiro            427      118      25
Fevereiro        1.214   93        18
Março 9.124   107      22
Abril   23.355 100      45
Maio   20.462 46        12
Total   54.582 464      122
Fonte: SMS
Durante dois anos, foram realizados dois mil atendimentos num posto de saúde do Bairro Rodolfo Teófilo, em Fortaleza. A maioria dos pacientes era mulher (90%), com média de 59 anos, em sobrepeso e relatando sintomas da chikungunya há 200 dias. Por conta das dores, os acometidos apresentavam queixas de insônia, esgotamento físico, estresse, ansiedade e angústia.

Comportamento da doença
Para Luciano Pamplona, professor do Departamento de Saúde Comunitária da UFC e coordenador da Replick no Estado, ainda há muitas dúvidas sobre a doença que podem ser supridas com as investigações. “A ideia é reescrever a história natural da doença. Queremos saber como ela se comporta na população acompanhando pacientes desde os primeiros sintomas”, explica.

Outras avaliações devem apontar que medicamentos prescrever dependendo de comorbidades do paciente (como diabetes), a influência da regionalidade no comportamento do vírus e a taxa de cronificação da doença. Hoje, a literatura científica menciona de 30% a 70% - um hiato grande, na opinião de Pamplona. Por enquanto, nem há vacinas e nem medicamentos efetivos contra a doença. A única forma de prevenção é eliminar possíveis criadouros do mosquito.

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