Por
que um coração escolhe o outro, nunca vou saber. Há coisas para as
quais não temos respostas, nem explicações, são mistérios da vida. Às vezes o amor
toma conta da gente sem pedir licença. Chega devagarzinho, muitas vezes
disfarçado, invade e pronto: se instala! E mesmo se dizemos não, ele
fica lá, teimoso, empacado. E aí não tem jeito, precisamos conviver com
ele, aceitá-lo. Porque ele não desiste facilmente uma vez que decidiu
enviar as flechas numa determinada direção.
Ele contraria nossas regras,
às vezes mesmo nossos gostos, nos faz fazer coisas que antes julgávamos
ridículas, nos deixa bobos e felizes. Muda nossos hábitos, nos faz amar
música lenta, sonhar acordados e passar noites em claro, ou então nos
acorda em plena madrugada. E nos faz ver estrelas, gostar de lua e de
poesia. Ah! O amor nos faz perder o juízo!
Torna adolescentes em adultos e velhos em adolescentes: não existe regra, não existe idade, não existe nada além dele. Se é surpresa para corações jovens,
para os mais vividos é um presente dos céus, pois chegou na hora em que
não se acreditava mais possível. A esse é dado mais valor, nem mesmo
tem preço.
Ele
nos faz andar sem ter os pés na terra, nos dá asas, nos transporta e
muitas vezes nos fere. Mas de ferida boa, dessas que a gente sofre mas
conhece o remédio. Ah! E esse remédio!... Cura tudo, esquece tudo. A raiva da manhã já não tem mais o mesmo sentido à noite. O amor passa esponja como ninguém, só ele mesmo é que conta.
E
esse amor que nos libera e nos deixa cativos é também a razão da nossa
esperança, porque nos motiva, nos incita a ir mais além, nos dá força e coragem,
mesmo se às vezes parece nos deixar débeis e frágeis. Mas ele é
contraditório e, por isso mesmo, fascinante. Com ele vivemos; sem ele,
apenas passamos pela vida. São assim as coisas do amor.
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