A instituição Melhor Escola mapeou que das 5.955 unidades de
ensino, 3.905 têm falhas na estrutura.
Por G1CE
Com base nos dados do Censo Escolar 2019, a instituição
Melhor Escola concluiu que 65,56% das unidades escolares municipais e estaduais
do Ceará têm falhas na rede de saneamento básico. Segundo o levantamento, 3.905
das 5.955 escolas públicas não possuem a estrutura completa.
Este cenário, contudo, é inferior no setor particular, já
que de 1.653 colégios mapeados, apenas 299 mostram condições similares.
O levantamento indica que 4,8% das escolas mantidas pelas
gestões públicas carecem de água potável. Em relação à falta de tratamento de
esgoto, o número é ainda mais acentuado: 65,56%. Outras 20,6% não contam com
coleta de lixo regular.
Para o sócio-fundador da Melhor Escola, Juliano Souza, é
preciso que esses gargalos sejam avaliados antes da retomada das atividades
presenciais nos estabelecimentos de ensino.
“Existe essa preocupação com o saneamento básico para essa
volta ser mais segura. Esses números mostram que a rede particular está mais
preparada do que a rede pública”, pondera.
A partir dessa necessidade de análise da situação de cada
escola, ele defende que sejam identificadas as unidades que apresentam o
saneamento adequado, ao mesmo tempo em que haja investimentos na compra de
materiais de higiene pessoal e na orientação do distanciamento social.
“Vai haver maior restrição de alunos no prédio sem
saneamento ou fazer algum investimento para solucionar esse problema ou pensar
em utilizar outros prédios”, sugere, e completa: “sei que não é simples fazer
tudo isso, mas tem que ter formas de verificar, pois há muitas possibilidades”.
A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) comunicou, em
nota, que "está em fase de planejamento para o retorno às atividades
presenciais". Eliana Nunes Estrela, titular da Pasta, já havia detalhado
que a volta às aulas presenciais irá considerar a condição sanitária dos
municípios, as especificidades de cada etapa de ensino e a garantia de verbas
para estruturar as demandas de higienização.
Ainda por meio de nota, a Seduc justificou que o Censo
Escolar do ano passado apontou que 99% das escolas da rede pública mantidas
pelo governo local têm tratamento de esgoto. “Com relação à água potável, a
Secretaria informa que as escolas contam com esse serviço”.
Problemática
A EEFM Santo Amaro, no Bom Jardim, em Fortaleza, é uma das
unidades onde o esgotamento sanitário não existe. “A escola fica entre duas
ruas, nenhuma tem sistema de esgoto. A frente da escola fica pra Rua Nova
Conquista, mas a água toda que sai da pia da cozinha é jogada na rua de trás”,
explica o diretor do colégio, Marcos Matias.
De acordo com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará
(Cagece), uma equipe técnica será enviada ao endereço da escola para fazer um
estudo planialtimétrico, capaz de atestar a possibilidade de interligá-la à
rede de esgoto disponível na região.
Enquanto o problema não é solucionado, o gestor Marcos
Matias lamenta os impactos da falta do serviço. "Quando entope, tem que
fazer um trabalho preventivo nas instalações internas, aquele mau-cheiro
daquela água que deveria ir direto para o esgoto acaba voltando e minando
alguns pontos da escola”, conta.
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