Pesquisadora desenvolveu o produto como projeto de mestrado
na Universidade Federal do Ceará.
Por G1 CE
O projeto de dissertação da mestra em Tecnologia de
Alimentos Alyne Lemos, desenvolvido pelo Laboratório de Tecnologias de Cereais
da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi a criação de um macarrão com maior
valor nutricional em comparação à massa convencional consumida popularmente.
Com baixo índice glicêmico, o macarrão também pode ser consumido por diabéticos
tipo 2, doença relacionada a hábitos alimentares, falta de exercício e
tendência à obesidade, destaca a mestra.
Depois de aproximadamente um ano e meio de pesquisa, o
alimento passou por testes, foi depositado em forma de patente pela UFC e
aguarda interesse de empresas para chegar ao mercado.
Além da composição normal, o macarrão desenvolvido tem
adição de farinha de linhaça e farinha de faseolamina — uma proteína encontrada
no feijão branco que inibe o processo da alfa-amilase, responsável por transformar
o carboidrato (amido) em glicose. Dessa forma, sendo vantagem para quem quer
manter uma dieta saudável ou tem restrições alimentares, segundo a criadora do
produto.
“Adicionando a faseolamina ao macarrão, eu vou ter uma menor
quantidade de amido degradado, consequentemente, uma menor quantidade de
glicose liberada para a corrente sanguínea. A diabetes é gerada pelo excesso de
glicose”, explica Lemos.
Segundo a pesquisadora, o alimento foi administrado em
camundongos e todos apresentaram diminuição na glicemia. “O índice glicêmico do
macarrão comum é classificado como médio. Com a massa nova, a gente consegue
sair da classificação de médio pra baixo índice glicêmico”, frisa.
O novo produto também é enriquecido em ômega 3 e 6, fibra e
proteína. O modo de preparo e tempo de cozimento do macarrão são os mesmos
usados com a massa tradicional. “De seis a dez minutos ele está pronto”,
completa o professor.
Ainda de acordo com Alyne Lemos, o padrasto dela, que tem
glicemia alta, consegue diminuir o índice depois de consumir a faseolamina. “Eu
compro a proteína e ele bota na vitamina, em cima da comida. A faseolamina fica
atuando no organismo dele bloqueando parte do carboidrato que ele consome”,
diz.
Um outro benefício, segundo a pesquisadora, é que o carboidrato
não absorvido age no trato gastrointestinal como amido resistente, tendo
comportamento similar ao da fibra.
Por que macarrão?
O interesse de Lemos era, na verdade, pesquisar a
faseolamina. Para isso, ela escolheu um produto à base de carboidrato.
Aproveitando, ainda, a pesquisa da qual participou durante o intercâmbio na
Itália, na Universidade de Pisa, onde estudou o leite de ovelhas que eram
alimentadas com linhaça.
“O leite e o queijo delas já saíam ricos em ômega 3 e 6. A
gente não adicionava nada. Esse queijo é comercializado na Itália”, comenta.
Segundo a mestra, os próximos passos são avançar na pesquisa
da substância em outras matrizes alimentares, avaliar o comportamento em
pessoas com restrições de saúde, e analisar a viabilidade comercial do
alimento.
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