O deputado federal Tiririca é acusado de assédio sexual
contra uma ex-funcionária, identificada como Maria Lúcia Gonçalves Freitas de
Lima, 41. Por causa do foro privilegiado, o processo foi enviado ao Supremo
Tribunal Federal, no último dia 20 de junho, sendo distribuído ao ministro
Celso de Mello. A mulher registrou a ocorrência na 10ª Delegacia de Polícia de
Brasília; Tiririca e a esposa contestaram com queixa policial, alegando
tentativa de extorsão por parte da doméstica, que teria cobrado R$ 100 mil do
casal.
Maria Lúcia foi contratada no dia 1º de março de 2016, sendo
demitida em 29 de junho, sem justa causa e com aviso prévio, conforme os autos.
Ela prestou depoimento na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), em Brasília. Ao
O POVO Online, os policiais da unidade não passaram informações sobre o caso.
De acordo com o jornal Extra, Maria Lúcia viajou com a
família do deputado federal duas vezes. Na primeira ocasião, no dia 24 de maio,
Tiririca teria retornado de entrevista no Programa do Jô com "odor etílico"
e teria agarrado a doméstica. O deputado, de acordo com a denúncia, teria dito
que faria sexo anal e vaginal com a funcionária e teria desabotoado as calças.
O assédio teria sido presenciado pela mulher de Tiririca,
assessores do político e pela filha do casal, de 8 anos. Nos autos, consta que
a criança defendeu a doméstica, empurrando o pai, que teria sido levado de lá
para a cama, enquanto todos riam. Dois dias depois, a família viajou ao sítio
do parlamentar na capital cearense.
Os assédios teriam continuado no local, conforme a
doméstica, toda vez que o parlamentar a via. Há relatos de que Tiririca teria
pegado nos cabelos e na nádegas da mulher e teria dito: "se experimentar,
vai gostar”. Maria Lúcia também alegou que o parlamentar mergulhou na água com
o celular dela, no qual ela teria gravado o deputado falando “besteiras” para
ela. Ela ainda disse que foi chantageada com garantia de emprego para ter
relações sexuais com o patrão.
No sítio em Fortaleza, a doméstica contou que foi procurada
pela esposa do deputado, Nana Magalhães, que teria defendido o marido. A patroa
teria dito que ele agia assim por gostar da funcionária. A autora da queixa de
assédio relatou se sentir ofendida e “menos valorizada que um cachorro".
Na contestação, o advogado do casal, Fernando de Carvalho e
Albuquerque, alegou que a doméstica tentava usa o estereótipo do personagem de
Tiririca para lhe atribuir os mesmos comportamentos, às vezes chulos, em sua
vida pessoal e privada.
"Não se pode conceber um preconceito em relação à
atividade artística (...) No palco o 2 Reclamado interpreta um palhaço com
linguajar coloquial, e por vezes, com vocabulário chulo. Isso não significa que
o 2 Reclamado traga para sua vida pessoal o comportamento do personagem que
interpreta", aponta trecho do advogado divulgado pelo Extra.
Processo
O ministro Celso de Mello ordenou que a etiqueta dos autos
fosse mudada de "crime contra o patrimônio/extorsão" para "crime
contra a liberdade sexual". A assessoria de imprensa do deputado foi procurada
na manhã desta terça-feira, 4, e informou que deve se posicionar em breve.
Redação O POVO Online
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